José Matias
de Albuquerque

 

 

 

 


O Papa também falha - Ó Pinto da Costa, olé...

Por pura obrigação moral, deve dizer-se: obrigado Paraty! Deus escreveu direito por linhas tortas! No outro dia, na "Capital do Móvel", a tua vergonhosa e cobarde arbitragem mostrou à saciedade, para quem ainda não tivesse aberto os olhos, que este F.C.P. não vai lá, que não, que assim não há maneira de pegar, nem de empurrão. Que burro como este não mexe nem há maneira de o fazer mexer. Sim, porque há burros que se mexem... Um golo legalíssimo roubado ao Paços e um pénalti de bradar aos céus, para lá da não expulsão de Jorge Costa por duas vezes... E, nem mesmo assim, carago! Não... o F.C.P. não mereceu ganhar. Aliás, merecia e deveria era ter perdido por mais. Ora cá está: é caso para, uma vez mais, o sr. Pinto da Costa poder dizer: "Esta foi mais uma derrota de um grande treinador!"
Mas, não será esta a altura certa para mandar às malvas o sr. engenheiro? - Pergunta o irracional adepto da racionalidade dos números e do belo jogo? Se não é agora, quando o F.C.P. se encontra sete pontos (7= 45-38) abaixo do excelente e valoroso Boavista - o tal que é comandado por um inofensivo "pardalito" e que tem, de longe, o melhor treinador português da actualidade, o qual, pelos vistos, não dorme em serviço porque é a própria ideia de serviço que mora e dorme naturalmente nele -, quando é que é? Quando já não houver remédio? Ou quando o remédio agravar a moléstia? Deixemo-nos de tretas, de falinhas mansas e de paninhos quentes: este treinador não serve ao F.C.P. , carago! E também não lhe serve uma nunca publicamente expiada e corrigida desastrosa política de contratações. E, muito menos (ó heresia!), um Presidente, já não dizemos, virtuosamente senil, mas egoistamente solidário com a sua devota presunção de infalibilidade papal.
Chegou a altura de falar claro e de dizer a verdade nas ventas e sem rodeios: um dos responsáveis (o subprincipal) pelo medíocre futebol praticado pelos jogadores do F.C.P. é o sr. engenheiro Fernando Santos. Ponto final. Parágrafo.
O F.C.P. joga muito mal à bola. Esta é que a verdade, nua e crua! É deveras lamentável, repito, deveras lamentável, ver um razoável naipe de médios e de alguns (poucos) bons jogadores desviarem tão mal o caminho natural que a bola deve tomar ( a chamada "trajectória do esférico") quando se encaminha para a baliza (que é o que leva o pessoal da bola aos nossos belos recintos desportivos aos domingos e mesmo aos dias de semana). Não se pode compreender, por exemplo, como é que um jogador como o almirante Nélson (tosco, lento e pouco afoito para almirante, seja dito) pode ser o lateral direito do F.C.P. Também não se pode compreender (independentemente das magoadelas, castigos e afins) porque é que o treinador não é capaz de se decidir por uma equipa-tipo. Atenção, meus amigos: que uma equipa-tipo, aqui, não significa mais do que o condutor de homens saber verdadeiramente o que quer e para onde vai! E muito menos se pode compreender a razão porque não existe um fio de jogo (embora exista muita trama de anti-jogo), que seja, nas exibições do F.C.P.
Perante isto, e com muita pena nossa, somos obrigados a reconhecer que o principal problema do F.C.P. possui um nome: Dom Fernando, o cavalheiro e humilde trabalhador que veio do Sul. Ora, Dom Fernando é uma mediocridade honesta, um eunuco. Embora, ele próprio, não tenha culpa de ser como é, claro. Perante tamanhas provas de incapacidade (e não é necessário aduzir estatísticas) só resta uma solução ao sr. Pinto da Costa: primeiro, despedir Dom Fernando e desejar-lhe publicamente boa sorte; a seguir, contratar um homem que ofereça garantias de espectáculo e um gosto comprovado pelo futebol de ataque. Parece que um tal homem (caso seja português e não se chame Jaime Pacheco) só pode ser Augusto Inácio ou José Mourinho. Ora, perante as recentes e solenes declarações do sr. Pinto da Costa, parece que quer o primeiro, quer o segundo, preenchem as condições e os requisitos para serem treinadores do F.C.P. Em suma, talento não lhes falta (mas, se não lhes falta talento, o que é que lhes falta?). Veremos se o sr. Pinto da Costa mantém o que disse e só avança (para a contratação de um ou de outro) na próxima época. Os próximos resultados ditarão se a palavra é para cumprir ou para esquecer. Quanto a nós, se os resultados forem maus (vade retro, Satana!), o sr. Pinto da Costa avançará para Augusto Inácio. Cometerá, novamente, um erro, é certo, mas, desta vez, pela simples razão (independentemente do "portismo" que haja num e noutro) de José Mourinho ser, a milhas, mais capaz e mais competente e um tudo nada chantagista também, é certo. O futuro se encarregará de o confirmar (ou não).
Bom, meus caros portistas. Vamos então agora ao que interessa (à História do Capuchinho Azul e dos Três Bodes Expiatórios): parece que a administração do F.C.P. descobriu agora um novo (novo no F.C.P.) bode expiatório - a culpa pelo medíocre futebol praticado pela equipa seria de um trio (pelos vistos, tríade) de brasileiros que alegadamente (sim, porque estas coisas são muito difíceis de provar, na prática como na ciência da prática) não tem uma conduta social em conformidade com o que deve ser a saudável vida de um desportista (por já não terem a idade do Vitinho, os rapazes - que estragam a voz no "karaoke" - nem sempre se deitam à hora do Vitinho). Ora, benevolamente acreditando que este argumento tenha as suas razões (e não podemos, é claro, deixar de achar que as tem), transferir (parece que por empréstimo - e que rápido que ele foi, hein!) R. Júnior e pôr de quarentena Pena e Esquerdinha, pretendendo, com isto, melhorar a qualidade do futebol praticado, é tapar o Sol com uma peneira ou enterrar a cabeça na areia (é com espanto que constatamos que as gentes do Sul preferem a segunda e as do Norte a primeira expressão! Deve ser por haver mais deserto a Sul e mais nevoeiro a Norte!). Ora aqui está o caso típico de um erro estratégico que trai as vistas curtas de algumas almas de capataz... Pretende ser uma terapia, quando o problema, como é óbvio, devia ter sido ser atacado por uma dietética. Por outras palavras: "Mais vale prevenir do que remediar"! Ou antes, quando já nada, no doente, se pode remediar, não é de um médico (que, por sinal, é o próprio doente) que se necessita, mas de um cangalheiro. Mas, mais tarde ou mais cedo, depressa se descobrirá que não é aqui que está a verdadeira raiz do problema. Então, meus amigos, estará certo que o Pena tenha passado, em tão pouco tempo, de grande goleador a verdadeira persona non grata?! É, no mínimo, uma ingratidão, atendendo - como não? - aos 14 golos por ele já penosamente marcados só para o Campeonato! E andará Esquerdinha a jogar assim tão mal?! Ele, que até parece uma pessoa alegre e bem disposta!? De uma vez por todas, e preto no branco: os erros e a responsabilidade por este miserável e envergonhador pecúlio de resultados cabem, na íntegra, em primeiro lugar, à administração do F.C.P. , em segundo lugar, à equipa técnica. Um pouco mais de humildade, por favor! E de menos umbigo! E de mais juízo. Muito mais juízo e mais prudência. Ó Pinto da Costa, olé...

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