Ciências da Comunicação e os novos alunos

Apesar de estar distante leio com regularidade os artigos do URBI e hoje
quero comentar o artigo escrito pelo nosso querido Professor António
Fidalgo.
Nestes últimos meses temo-nos galardoado muito que concorreram um maior
número de alunos para o curso de Ciências da Comunicação (C.C.), o que é muito bom, mas não nos podemos esquecer de que as disciplinas específicas exigidas para entrar neste curso foram alteradas. Até ao ano lectivo anterior eram-nos
exigidas como disciplinas específicas filosofia e português, este ano as
disciplinas foram outras, foram psicologia e português ou filosofia e
português. Ou seja, alunos do agrupamento de científico natural que até
ao momento não podiam concorrer para comunicação pois não tinham no
secundário as disciplinas especificamente exigidas, podem-no fazer agora. A
hipótese de entrar para C.C. foi dada a um número de alunos muito
superior, o que fazendo bem as contas não aumentou em muito a
popularidade do nosso curso, tendo em conta o número de alunos que
tinham hipótese de concorrer e não o fizeram.
Com esta mudança nas disciplinas específicas o que aconteceu foi que
alunos que não têm o mínimo interesse no curso cá entram em última
opção, como por exemplo alunos que concorreram nas cinco primeiras
opções para enfermagem e meteram comunicação em último lugar que era
para terem a certeza de que conseguiriam entrar no ensino superior.
E necessário fazer campanhas junto do ensino secundário para valorizar o
nosso curso, e isto não compete apenas ao UBIMEDIA, compete também aos
professores, ao director do curso e a todas as pessoas que estão
relacionadas de alguma forma com C.C.. Depois desta campanha ter sido
levada a cabo poderemos dizer que temos mais alunos interessados, que o
número de pessoas que concorrem para a UBI aumentou consideravelmente.
Muito obrigado por terem lido a minha enorme opinião até ao final.

Andreia Tavares
(Ciências da Comunicação)

Para acabar (de vez) com o complexo da interioridade

Uma Escola com 116 anos de existência e um título de Membro Honorário da Ordem de Instrução Pública, outorgado pelo Presidente da República, em 5 de Fevereiro de 1985, não poderia deixar de se sentir interpelada pelo artigo publicado na edição do Notícias da Covilhã do passado dia 8 de Dezembro, intitulado "Um colégio de elites", da autoria de António Fidalgo.
Chamada a reflectir sobre o conteúdo do escrito em causa, a comunidade educativa considerou-o abusivamente generalista e profundamente elitista, apresentando mesmo contornos de fundamentalismo nas críticas feitas e na opção assumida.
O saudosismo ali evidenciado remete, aliás, para um passado distante em que a educação/instrução era apenas acessível a uma minoria de privilegiados que garantia a reprodução do modelo social vigente. Hoje, quase 27 anos depois do 25 de Abril, defender que uma educação de qualidade passará, obrigatoriamente, por critérios económicos, parece, no mínimo, atentatório contra os princípios da democracia em que vivemos.
Se é verdade que as alterações induzidas por aquele regime trouxeram entretanto às escolas públicas um universo de alunos muito diversificado, portador de vivências diferenciadas, haverá que reconhecer também o esforço de muitas para corresponder às novas competências que lhe são cometidas. Entretanto com a massificação do ensino, as escolas tornaram-se rapidamente palco dos conflitos sociais latentes, e questões como a violência ou o racismo instalaram-se ali quotidianamente, sobretudo nas grandes cidades e na sua periferia. Daí, a necessidade de escolas particulares que garantam a segurança dos jovens durante o período lectivo.
Felizmente (vantagem da interioridade?!) esta não é a situação das escolas da nossa cidade particularmente da nossa Escola onde, graças à acção concertada dos vários elementos da comunidade educativa, se vive num clima de segurança propício ao trabalho dentro e fora da aula.
E porque os nossos profissionais são tão ou mais competentes do que os dos "bons colégios particulares" e os alunos das escolas públicas são tão ou mais dotados do que os das privadas, temos muito orgulho no 1° prémio atribuído num Concurso Nacional de Artes Plásticas a uma nossa aluna que este ano ingressou no Curso de Escultura na Escola de Belas Artes do Porto. E no convite que foi dirigido a três dos nossos alunos do Clube de Holografia para representarem Portugal na Intel ("Certame Internacional de Jovens Cientistas com maior prestígio em todo o Mundo, que conta com a participação de cerca de 1000 jovens de quase todos os países dos Continentes Americano e Europeu) na América, no próximo mês de Maio, depois de já terem estado em Genebra, no ano passado. Para já não falar de tantos dos nossos alunos que ingressam com êxito no mercado de trabalho ou prosseguem estudos em diversas instituições de ensino superior. (Note-se, a propósito, que os melhores alunos da Universidade pública da Beira Interior são preparados nas Escolas Secundárias locais, assim como o foram alguns dos professores que ali leccionam. Note-se, ainda, que estudos publicados pelo Ministério da Educação - e já amplamente divulgados - provam, sem margem para dúvidas, que é nos colégios privados que surgem as maiores discrepâncias entre as notas de frequência atribuídas aos alunos e as notas de exame nacional no 12° ano).
São estas e tantas outras gerações de profissionais que passaram pelos bancos das nossas escolas e de tantas outras escolas públicas e que actualmente desempenham as mais diversificadas funções na sociedade portuguesa que evidenciam o importante contributo do ensino público como principal impulsionador do esforço de educação e formação integral dos jovens e adultos (que frequentam o ensino recorrente).
Independentemente do espaço e papel legalmente reservados ao ensino privado e cooperativo - indubitavelmente meritório e em muitos casos complementar, suprindo lacunas que o Estado não soube ou foi incapaz de colmatar - importa continuar a investir no ensino público (o único que potencia a unidade na diversidade, o único que põe em confronto aberto e livre a sociedade e não a realidade virtual dos que passam pela vida almofadados em privilégios de casta). Há que assumir sem tibiezas os erros cometidos, inovar porque a globalização assim o exige, avaliar o desempenho dos professores que não querem eximir-se às suas responsabilidades porque pugnam por uma cultura de exigência e de rigor que forme cidadãos plenos que, sem complexos, proclamem que são Homens do Interior que passaram pelo Ensino Público que lhes incutiu valores pelos quais se pautarão por toda a vida, como solidariedade, integridade, espírito crítico, inconformismo perante as injustiças gritantes de uma sociedade que se rege por critérios iníquos de sucesso = dinheiro.

Conselho Executivo e Conselho Pedagógico
da Escola Secundária Campos Melo da Covilhã

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