Com motards e excursionistas
Covilhã rebenta pelas costuras

Cerca de mil e 500 amantes do desporto motorizado e mais de 3000 excursionistas encheram completamente a hotelaria e a restauração da cidade. Muitas queixas acompanham a tradicional "romaria" do primeiro fim de semana de Março.

 Por Susana Proença

Milhares de turistas acorreram à Serra da Estrela durante o fim de semana. Muitas críticas são ouvidas contra a falta de alojamento

O Campo das Festas estava cheio. Mais de 50 autocarros procuravam estacionar no pouco espaço ainda disponível. Gente vinda de todo o País chega à Covilhã desejosa para ver a neve. Depois de muitas horas de viagem, os visitantes deparam-se com a triste notícia de que não há quartos disponíveis. Mas os problemas não acabam aqui.
As casas de banho do Campo das Festas encontram-se fechadas, a iluminação é pouca e mesas para merendar são pura ficção. "O problema são as crianças", diz o Manuel Silva, que acrescenta ainda a esta preocupação a falta de condições de um quarto que foi ver: "Nem que me pagassem eu ia para uma pocilga daquelas".
Um outro grupo fala de quartos que reservaram com antecedência e à chegada descobriram que o dono teria alugado esses mesmos quartos a outras pessoas que ofereceram mais dinheiro. "Já tentámos o Tortosendo, Teixoso e arredores e está tudo lotado! Até ao Fundão não há hipótese", testemunha. Para a maioria dos visitantes a solução é passar a noite no autocarro e de manhã cedo partir para a serra.
Para alguns esta situação já é habitual. Todos os anos acontece o mesmo. "Primeiro tentamos arranjar quartos para as mulheres e crianças, depois para os homens. Mas isto é sempre assim. Ao organizarmos a viagem já sabemos que à chegada é um "salve-se quem puder", conclui o promotor deste passeio.
Apesar dos esforços, é quase impossível arranjar contactos. "As pessoas também não ajudam muito. Fomos aos bombeiros e à polícia e todos disseram que não podiam fazer nada, o Posto de Turismo, como é obvio, está fechado", refere Manuel Silva.
Aqueles que já conhecem esta realidade optam por pernoitar em locais de passagem como Viseu, Guarda e Castelo Branco.
Para os habitantes da Covilhã nada disto é novo. A situação repete-se todos os anos por esta altura durante vários fins de semana, e apesar disso nada tem sido feito para alterar as condições em que são recebidos os excursionistas.

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