Há 34 anos aconteceu na Covilhã
Actriz amadora ganhou prémio nacional

Em 1967, o júri de um concurso nacional de teatro amador atribuiu uma Menção Honrosa a uma operária têxtil da Covilhã. A surpresa foi grande ao saberem que esta actriz amadora não sabia ler.

 Por Mariana Morais

Maria de Lurdes Mendes venceu em 1967 uma menção honrosa por uma interpretação teatral

Maria de Lurdes Mendes vive no Bairro Municipal. Tem 80 anos, feitos em Janeiro, e uma história para contar. Operária têxtil desde criança, não aprendeu a ler. Há 34 anos, o então existente Secretariado Nacional da Informação organizou um concurso de arte dramática a nível nacional. O júri, constituído entre outros pelo actor Rui de Carvalho, atribuiu-lhe uma menção honrosa pelo seu desempenho como actriz.
O teatro fazia parte das actividades a que a colectividade se dedicava nos anos 50 e 60. Maria de Lurdes recorda a peça que mais gostou de fazer, "Casa de Pais", onde desempenhou o papel de "Palmira". "Liam-me o papel e no dia seguinte já o sabia de cor", refere Maria de Lurdes. Quando era a sua vez de entrar em cena, nunca se enganava. Hoje, passados tantos anos, ainda recita muitas falas da peça.

Noite de estreia

Na noite de 31 de Agosto de 1967, o salão de festas da colectividade estava cheio. Chegava gente de todos os pontos da cidade para assistir à estreia. Maria de Lurdes, em cima do palco, sentia tremerem-lhe as pernas. Mas tudo correu bem. O público rendeu-se à sua actuação e o júri também. Quando lhe foi entregue o prémio, os membros do júri nem queriam acreditar que ela não sabia ler.
Trinta e quatro anos depois, Maria de Lurdes continua fazer coisas bonitas. Este mês, os seus trabalhos, toalhas e colchas, estarão patentes numa exposição de artesanato a realizar na sede da colectividade em que trabalhou com tanto entusiasmo e que chegou a considerar como a sua "segunda casa". Embora já não frequente o Grupo, lembra com saudade o tempo em que ele era "como uma grande família".

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