Novas tecnologias no tribunal
Videoconferência facilita depoimentos

O Tribunal Judicial da Covilhã já tem em funcionamento o sistema de videoconferência. Apesar das arestas a limar, a medida é considerada positiva.

 Por Rodolfo Pinto da Silva
NC/Urbi et Orbi

Dois telecomandos permitem operar com o sistema que liga os tribunais do País

Se um habitante da Covilhã for testemunha de um julgamento a decorrer, por exemplo, em Loures, já não precisa de se deslocar à cidade dos arredores de Lisboa. Para prestar o seu depoimento basta-lhe ir até ao Tribunal Judicial da Covilhã (TJC) e, aí, testemunhar em tempo real como se estivesse na presença de todos os elementos do processo. A videoconferência foi uma das inovações que o Ministério da Justiça introduziu no início deste ano para combater a "morosidade dos processos" e permitir que os utentes da justiça obtenham uma decisão em tempo útil. Como no resto do País, a nova tecnologia já funciona na cidade serrana e até já foi utilizada. Apesar de algumas arestas a limar, os responsáveis ouvidos pelo NC, não têm dúvidas de que "a medida trás inúmeras vantagens".
O sistema é simples. Um televisor, uma linha de RDIS e um aparelho especial com uma câmara incorporada, que começaram a chegar aos tribunais portugueses logo após o dia 1 de Janeiro, depois da directiva do Ministério tutelado por António Costa: "Um por cada sala de audiência nas comarcas de Lisboa e Porto, um por cada duas salas nas demais comarcas e outro, em todos os tribunais, para depoimentos". No total, uma nova tecnologia que custou cerca de 200 mil contos.
"Através deste sistema temos a testemunha à nossa frente em directo. Podemos apreciar os seus tiques habituais e se têm confiança naquilo que dizem, para nos apercebermos se estão ou não a mentir". A explicação é dada por José Avelino, juiz, presidente do TJC, que acrescenta: "Anteriormente tudo o que fosse pessoas de fora só podiam ser ouvidas através de cassete, mas uma coisa é ouvir apenas a voz gravada, outra é poder contrabalançá-la com as outras testemunhas na própria audiência do julgamento".
A utilidade da videoconferência ultrapassa a audição de testemunhas e pode ser um importante meio para reduzir o erro de uma decisão. "Por vezes precisamos da opinião ou de alguns esclarecimentos por parte de peritos médicos, por exemplo, que, agora, a qualquer altura podem prestar o seu apoio", explica. Hilário Costa, secretário do tribunal covilhanense, também vê com bons olhos esta inovação. Se até aqui os adiamentos eram frequentes porque "faltava uma testemunha que não se podia deslocar, agora as coisas vão ser mais céleres".

Segundo aparelho espera linha

À Covilhã já chegaram dois aparelhos. Um está operacional na sala de audiências e até já foi utilizado para que uma testemunha covilhanense desse o seu contributo para um julgamento em Loures. O outro espera uma linha suplementar para entrar em funcionamento noutra divisão.
Para este mês, já estão marcadas novas ligações, mas a primeira mostrou que o sistema ainda precisa de ser aperfeiçoado. Hilário Costa propõe uma maior coordenação entre os tribunais, nomeadamente na marcação da hora de audição das testemunhas: "Não posso ter uma sala e um funcionário disponíveis para um julgamento que se inicia às 14 horas e a pessoa só ser inquirida passado duas ou três horas". O presidente do Tribunal já encontrou uma fórmula para contornar este problema. "Em casos que se utilize a videoconferência, o melhor é ouvir a pessoa de fora primeiro", aconselha José Avelino.
Uma dificuldade que se verificou nos primeiros três meses de utilização foi a pouca instrução dada aos funcionários dos tribunais para operarem com a nova tecnologia. "A formação foi feita por um técnico competente e os funcionários estão aptos a executar o serviço", frisa Hilário Costa, que acrescenta: "O sistema está a funcionar sobre rodas. Por vezes há algumas deficiências na ligação, mas é um problema de linhas que nos transcende".

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