Protesto Nacional
Politécnico da Guarda
ameaça encerrar as portas

Os responsáveis estão contra a criação de Institutos Universitários. Amanhã, dia 14, as portas podem fechar.

 NC/Urbi et Orbi

O Politécnico da Guarda junta-se aos protestos nacionais

O Instituto Politécnico da Guarda, à semelhança dos restantes 14 institutos do País, deverá encerrar as portas amanhã, quarta feira, 14, numa acção de protesto contra a criação de Institutos Universitários. A decisão foi tomada na última reunião do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), que lamenta o esquecimento, por parte do Governo, dos "relevantes contributos do ensino politécnico."
Nesta reunião, aquele organismo, depois de ter conhecimento da aprovação da criação de "um pretenso Instituto Universitário de Viseu, integrado na Universidade de Aveiro," analisou ainda o projecto de criação de "um designado "Colégio Universitário" em Alcobaça, integrado na Universidade de Coimbra, e ainda de um possível Instituto Universitário em Bragança". Em comunicado dado a conhecer pelo Instituto Politécnico da Guarda, o CCISP considera que a "decisão do Governo relativamente a Viseu, constitui uma afronta inqualificável ao Instituto Politécnico daquela cidade e a todos os Politécnicos do País". E acrescenta que estas decisões "contrariam declaradamente a lei de Ordenamento e a Organização do Ensino Superior", que foi aprovada pela Assembleia da República sob proposta governamental.
Para o CCISP, esta decisão "constitui uma contradição com as posições que o Governo tem divulgado quanto à evolução do Ensino Superior e ao desenvolvimento do sector Politécnico". Os responsáveis acentuam, ainda, que esta orientação vai contribuir para "um grave esbanjamento de dinheiros públicos no momento em que o mesmo Governo afirma constantemente que existem instituições e cursos de Ensino Superior em excesso e que o financiamento do sector não pode continuar a aumentar".

Conselho apela ao Presidente da República

Depois de lembrar que, durante as duas últimas décadas, os institutos foram os responsáveis pelo "aumento exponencial" do Ensino Superior em Portugal, "constituindo em simultâneo os grandes motores do desenvolvimento no Interior", o CCISP acusa o Governo de optar pelo desprestígio deste sub-sistema. "Menorizando os mais de setenta mil estudantes" que o frequentam, bem como os docentes que leccionam nos politécnicos e igualmente as regiões onde se inserem. Tudo isto, sustenta aquele orgão, "no desrespeito pelo interesse nacional e numa política de cedência às pressões de lobbies e de forças locais pouco esclarecidas".
O CCISP decidiu ainda solicitar a intervenção do Presidente da República no sentido de não promulgar o diploma que cria o Instituto Universitário de Viseu, bem como pedir audiências ao primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República para ser apresentada "a posição dos representantes do Ensino Superior Politécnico, que constitui 40% do Ensino Superior Público".
O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos pode convocar ainda, em data oportuna, "uma manifestação pública dos estudantes, docentes e funcionários do sector, em sinal de protesto contra a tentativa de desqualificação que o Governo pretende levar a cabo e na defesa do interesse do Ensino Superior".
O secretário de Estado do Ensino Superior, José Reis, classificou a decisão de serem encerrados os politécnicos, de "ridícula" e "patética", e considera que seria "profundamente desajustado que dirigentes de institutos públicos desencadeiem uma acção dessas, cujos prejuízos seriam incomensuráveis". Em declarações à comunicação social, proferidas aquando da abertura das comemorações do dia do Politécnico do Porto, o secretário de Estado afirmou que esta atitude pode "prejudicar gravemente todo o trabalho de muitos anos que tem sido feito para valorizar e dignificar esse sistema de ensino". Uma posição que José Reis reafirmou há dias em Seia, onde presidiu à cerimónia de cedência dos terrenos destinados à construção do futuro edifício da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações, onde comentou que "ninguém defenderá mais a lei que o próprio Governo, que a constituiu no instrumento principal da sua política", numa alusão à lei de Ordenamento e Organização do Ensino Superior.

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