Língua Portuguesa, património comum
Escritores debatem espaço lusófono

No passado dia 27 de Março, escritores de Moçambique, Angola, Brasil e Portugal juntaram-se e debateram a "força" da língua portuguesa no espaço lusófono. O papel do escritor no enriquecimento e preservação da Lusofonia também esteve em discussão.

 Por Carla Loureiro

"Foi a pensar no que a Lusofonia tem de mais genuíno que se organizou esta conferência", declarou Ana Ussmann, do Departamento de Sociologia da Universidade da Beira Interior, na abertura do Encontro de Lusofonia.
Realizado no anfiteatro 7.21 do Pólo das Ciências Sociais e Humanas, o Encontro contou com a presença dos escritores Mário Hélio (Brasil), Raúl Calane da Silva (Moçambique), Arlindo Barbeitos (Angola), Helena Rainha Coelho e Fernando Campos (Portugal). O fenómeno da Lusofonia e o contributo dos escritores na conservação e enriquecimento da língua portuguesa foram alguns dos temas discutidos neste evento.
Ser escritor no século XXI pressupõe uma "actividade eminentemente ética", defende a escritora Helena Raínha Coelho. O escritor tem, também, o direito e dever de denunciar as injustiças. "Só a omissão é um pecado que lhe pode ser atribuído", sublinha Helena Rainha Coelho.
Durante séculos, o português sofreu influências e assimilou vocabulário de culturas autóctones, e hoje faz parte "do mosaico das línguas mais faladas", defende o escritor moçambicano, Raúl Calane da Silva.
Aproveitando a intervenção anterior, o escritor português, Fernando Campos salientou que só em Moçambique, o português é a língua oficial de cerca de três milhões de pessoas, para concluir que "a nossa língua não se resume só ao rectângulo de Portugal continental".
Para Cristina Vieira, docente do curso de Língua e Cultura Portuguesas (LCP) e membro da organização, os objectivos deste encontro forma atingidos. Pretendia-se "debater o património comum no espaço da Lusofonia de uma forma palpável" e permitir aos alunos de LCP terem um contacto directo com os escritores convidados, "o que foi conseguido". Só lamenta o facto de não estar presente nenhum escritor timorense, o que se deve apenas a "questões orçamentais". No final, a docente mostrava-se satisfeita com a adesão do público e elogiou a forma "nada maçadora" como os escritores colaboraram na discussão.
O Encontro foi encerrado por dois alunos com um recital de poesia e uma leitura de excertos de alguns dos escritores convidados.

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