I Distrital - Festa no Teixoso
III Divisão 22 anos depois

O teixosense assegura a passagem à III Nacional com uma vitória sobre o Penamacor. A ADE aproveita e sobe à segunda posição.

 Por Alexandre S. Silva
NC/Urbi et Orbi

A euforia apoderou-se dos adeptos que, depois do apito final, festejaram no pelado, com jogadores e dirigentes, a subida à III Nacional

A festa começou bem cedo no último domingo, 1, para os lados do Teixoso. A subida à III Divisão era quase certa. Estava a apenas uma vitória de distância. À tarde, o Maia Campos vestiu-se a rigor. Fachas verdes e negras enfeitavam o perímetro do reduto teixosense. Quase mil pessoas atenderam à chamada, na convicção de que a confirmação do título da I Distrital e a promoção ao Nacional não escapava. Uma posição que o Desportivo local não saboreava há 23 anos.
Às 16 horas em ponto, Ricardo Fernandes apita pela primeira vez para 90 minutos de nervos e sofrimento. Frente a frente os dois primeiros da tabela, Teixoso e Penamacor. Os da casa sob a pressão de não decepcionar o milhar de adeptos ávidos de festa. Os forasteiros sem nada a perder, ou a ganhar, a não ser a manutenção do segundo posto.
O jogo nem começou da melhor maneira para a equipa da casa. Algo nervosos, os teixosenses vacilam a meio-campo e saem desarticulados para o ataque. Nos primeiros 20 minutos os verde-e-negros criam várias situações de perigo, mas os remates acabam, inconsequentes, nas mãos do guardião Dias.
Aos 25 minutos Neto "despeja" um balde de água fria sobre o Maia Campos. Na primeira jogada de ataque penamacorense, o avançado surge perante Canário e não perdoa. A temer pelo resultado, Real faz entrar Gaspar para o lugar do extremo esquerdo Nuno Tomé. O sector ofensivo da casa ganha nova consistência e os lances de perigo à entrada da área raiana tornam-se cada vez mais frequentes. A dois minutos do intervalo, os adeptos da casa suspiram de alívio. Real cobra um livre do lado direito do ataque e Gaspar, mais alto que os centrais no coração da área, cabeceia com sucesso para o fundo das malhas. Antes do apito para o intervalo o Penamacorense sofre outro revés. Salcedas é expulso depois de uma agressão a Real.

Jogo de nervos até ao fim

Na segunda parte a equipa da casa entra mais tranquila. A jogar contra 10, o Teixosense começa a dominar o meio-campo e a pressionar a turma de Vítor Palmeirão ainda no seu sector mais recuado. Começa, então, uma chuva de oportunidades desperdiçadas que podiam "arrumar" o jogo mais cedo. Óscar e Costa, bem posicionados, cabeceiam centímetros ao lado da baliza e Gaspar, por duas vezes, vê o guardião Dias negar-lhe o tento.
Do lado do Penamacor as ocasiões foram mais raras, mas nem por isso menos perigosas. Aos 85 minutos Canário justifica porque é o guarda-redes menos batido do campeonato. Cristophe, no lance mais perigoso, isola-se pela esquerda e desfere um remate cruzado que proporciona ao guardião teixosense a defesa da tarde.
Entretanto, e num lance perfeitamente normal, Real vê o segundo amarelo e consequente vermelho. Uma decisão polémica, e muito contestada, do juiz da partida que reduz o Teixosense a 10 elementos, em pé de igualdade com os visitantes. O conjunto da casa acusa a saída de um dos seus elementos mais influentes e começa a perder o controlo sobre o meio-campo. Contudo, é a equipa da casa que melhor consegue sair para o ataque, muito por culpa dos laterais que começam a fazer todo o corredor. Uma estratégia que dá frutos quase ao caír do pano. Aos 88 minutos Gui entra na área com a bola controlada e, quando prepara o remate, é puxado pela camisola. Atento, Ricardo Fernandes aponta para a marca de grande penalidade, para gáudio de jogadores e adeptos. Na conversão, o capitão Costa não perdoa e, com um pontapé bem colocado, dá o título ao Teixosense e "atira" com o clube para a III Nacional, 22 anos depois da despromoção.

  

Depois do campeonato
Teixosenses já pensam na dobradinha

No fim do jogo a euforia apoderou-se de jogadores, dirigentes e adeptos. Tó Real, o treinador / jogador que orientou a equipa até à conquista do campeonato, admite "algum nervosismo na parte inicial da partida". No entanto, continua, "entrámos para a segunda parte mais determinados e conseguimos ser superiores ao Penamacor, que fez aqui um grande jogo". Uma ideia corroborada por Costa, capitão de equipa e autor do golo que catapulta o Teixosense para a III Divisão Nacional. O número 10 verde-e-negro justifica a má prestação dos primeiros minutos com "a pressão psiciológica da festa que os adeptos já estavam a montar". Uma pressão da qual o conjunto já se livrou para os quatro restantes confrontos para o campeonato.
Agora, a prioridade é a final da Taça de Honra Distrital. A dobradinha está nos planos do grupo, mas do outro lado está uma Desportiva da Estação cada vez mais forte. A confiança, no entanto, reina em terras teixosenses e treinador e presidente são unânimes em afirmar que "depois da subida ao Nacional tudo é possível".
Porém nem tudo são rosas. Uma permanência no escalão superior implica outras necessidades e um orçamento superior. "Isto quer dizer que vamos precisar de mais apoios, quer por parte da autarquia, quer por parte de empresas", esclarece Hermínio Real, presidente do clube. Da parte da Câmara da Covilhã ainda não há nenhuma espécie de apoio definido para a próxima época. João Esgalhado, vereador com o pelouro do desporto, adianta, no entanto, que esse apoio vai ser "estudado em conjunto com a Câmara e com a direcção do Teixosense". Um suporte que pode ir da comparticipação financeira no orçamento do clube ao apoio na modernização das infraestruturas do Maia Campos. Ao que o foi possível apurar, já há um projecto para ampliação dos balneáreos. Obras que a direcção espera concluídas antes do início da próxima época. Prometido por parte da autarquia está também o lançamento do projecto de arrelvamento do piso. Uma promessa pessoal de Carlos Pinto na festa de consagração do título na sede do Teixosense.


 

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