"O Homem Urbano", 1993
Pintura Rodolfo Passaporte
Curvas enchem Museu de Lanifícios

Chama-se curvilinismo e nasceu na Covilhã. Um novo estilo de pintura que pretende alcançar o reconhecimento das elites artísticas nacionais. O seu percursor, Rodolfo Passaporte.

Por Nélia Sousa

Figuras humanas desenhadas sob a forma de longas curvas e pintadas com cores fortes e intensas que ofuscam o olhar do mais desatendido na matéria. É assim a pintura de Rodolfo Passaporte, nascido em Madrid em 1927 e radicado na Covilhã desde 1959.
Pintor desde os 13 anos, Rodolfo Passaporte sempre admirou a figura humana. Uma tendência que nunca abandonou, mesmo quando passou do estilo neoclássico para o curvilinismo, nome que atribuiu a uma nova forma de expressão artística onde as curvas são as linhas mestras.
Problemas de saúde obrigaram-no a vir para a Covilhã por alguns meses. Mas os meses deram lugar aos anos e Rodolfo Passaporte, fascinado pela simpatia das pessoas, deixou-se ficar na Covilhã. Foi professor na Escola Comercial e Industrial Campos Melo, onde em 1973 desenvolveu o novo estilo de desenho e pintura, e na escola secundária Frei Heitor Pinto. Habituado a pintar a realidade que observava, Rodolfo Passaporte foi, aos poucos, dedicando-se à estilização. É assim que nasce uma nova corrente pictórica - o curvilinismo, que ao contrário do estilo neoclássico exige um maior esforço de criação. Os seus quadros estão agora expostos na Galeria de Exposições Temporárias do Museu de Lanifícios, na UBI.
As comemorações do XV aniversário da universidade foram ocasião para homenagear o artista que contribuiu para o enriquecimento da arte na Covilhã. Algumas das mais célebres obras de arte da região são da sua autoria, tais como intervenções no âmbito da pintura no tecto de alguns edifícios religiosos, como é o caso do tecto do altar-mor da Capela da Nossa Senhora do Carneiro, na Aldeia do Souto, restauro em diversas obras, pintura mural, produção medalhística, cartazes e panfletos comemorativos e publicitários.
Segundo Rodolfo Passaporte a "vinda do ministro da Educação bem como da Imprensa é uma forma de divulgar o curvilinismo e a oportunidade de chamar a atenção das galerias de arte". Para o pintor o próximo passo será chegar a Lisboa porque como afirmou ao Urbi Et Orbi "ali a Imprensa e os artistas dão mais valor à pintura". No entanto acredita que a exposição na UBI será "o trampolim que irá projectar o curvilinismo".
Quanto aos compradores, estes são essencialmente pessoas da cidade da Covilhã porque "os quadros não estão ainda muito expandidos". Segundo Rodolfo Passaporte a expansão vai começar agora. "Não o fiz antes porque não tinha trabalhos suficientes para idealizar uma exposição", explica o professor aposentado desde 1992 mas que mantém a sua actividade como pintor e criativo na Covilhã e em Lisboa.
A exposição estará patente ao público até ao dia 13 de Maio. Para os interessados em adquirir uma obra do pintor note-se que os preços variam entre os 180 e os 600 mil escudos.