Por Sérgio Felizardo
NC/Urbi et Orbi

"Se o Orfeão não quiser o alvará do Conservatório, o Ministério da Educação diz que não poderá funcionar mais nenhuma escola no actual edifício", assegura Luís Cipriano

A Associação Cultural da Beira Interior (ACBI) está disposta a abrir um novo Conservatório na Covilhã se, para isso, contar com o apoio da Câmara Municipal. Esta intenção surge na sequência da recente demonstração de interesse, por parte da ACBI, em tomar as rédeas do actual Conservatório e de uma consequente reunião com o Ministério da Educação.
Segundo declarações do maestro Luís Cipriano, presidente da Associação, em conferência de imprensa realizada na segunda-feira, 11, "a vontade que existia de pegar na instituição, prendia-se com a hipótese de serem criados cursos superiores de música na Universidade da Beira Interior, o que possibilitava o aparecimento de uma Orquestra Sinfónica da Beira Interior". A ideia, continua Cipriano, "foi transmitida à Câmara Municipal no sentido de esta servir de intermediário para a realização de uma reunião entre a ACBI e a direcção do Conservatório". Um encontro que nunca chegou a acontecer e que, entretanto, não deverá ser necessário. É que, na última semana, o maestro reuniu com o Ministério da Educação e tomou conhecimento de que o alvará do Conservatório, pertencente ao Orfeão da Covilhã, não é, por lei, "transmissível por actos entre vivos". Para além disso, salienta, "foi-me dito no Ministério que, se o Orfeão não quiser o alvará, não poderá funcionar mais nenhuma escola no edifício que o Conservatório ocupa". "Uma medida relacionada com as condições das instalações, pelo que nos foi aconselhado que arrancássemos com um conservatório de raiz, capaz de, em 2003/2004, estar apto a integrar a Rede Nacional de Conservatórios", confirma Cipriano. E acrescenta: "Na Rede só pode estar uma entidade e, se na altura existirem dois conservatórios na Covilhã, o Estado vai escolher o que apresentar melhores condições".
Contactada pelo NC, a vereadora com o pelouro da Cultura na Câmara covilhanense, afirma ter "conhecimento da intenção da ACBI", mas assegura que ainda não sabe pormenores". A explicação mais detalhada esteve marcada para terça-feira, só que, segundo Maria do Rosário Pinto da Rocha, "a reunião com o maestro Cipriano teve de ser adiada por motivos de saúde deste". A vereadora deixa, no entanto, uma certeza: "A autarquia está interessada em discutir o assunto e conhecer o projecto da Associação Cultural".

"Ensino da música mais simples e barato"

Actualmente "a gozar de boa saúde financeira, com um esquema de ensino musical infantil montado e com resultados visíveis", a Associação Cultural da Beira Interior, nas palavras do seu presidente, poderá mesmo avançar com um Conservatório nas instalações que ocupa. Uma situação que precederia a passagem para uma sede definitiva, mas que tem a luz verde do Ministério.
Para Luís Cipriano, este projecto significa, também, uma forma de simplificar a progressão no ensino da música a quem o queira seguir. E dá o exemplo: "Os alunos que temos agora a frequentar o projecto Zéthoven na Pré-Primária e 1º Ciclo poderiam, no 2º Ciclo, transitar para o Conservatório e, nos anos seguintes, optavam por continuar ou passar para a Escola Profissional de Artes da Beira Interior, até chegarem à altura do Ensino Superior". O maestro realça que "a ACBI não tem qualquer problema com as equivalências dos seus alunos, que após os cinco anos do Curso Geral ficam com as mesmas habilitações que os do Conservatório", mas sublinha que, "até em termos financeiros seria tudo mais fácil". Uma afirmação comprovada por um estudo económico que, diz Cipriano, "demonstra que os alunos da Associação poupam, no final do Curso Geral, mais de mil 550 contos". Números que soltam o desabafo: "Com os 36 mil contos que a autarquia deu para a sede do Conservatório, mais os oito mil recentemente atribuídos em sessão de Câmara, mantínhamos o nosso Conservatório a funcionar sem problemas durante seis anos".