Por Rodolfo P. Silva
NC/Urbi et Orbi

Programação do Teatro-Cine vai continuar a apostar na música

Um mês depois da reabertura do Teatro-Cine da Covilhã, passaram pela sala perto de cinco mil e 700 espectadores, que representam uma média diária de 189 pessoas por dia. Para o Cine Clube da Beira Interior (CCBI), entidade que está a gerir a sala, os números são positivos e correspondem às expectativas iniciais.
"Sem menosprezar as outras ofertas culturais que existiam na cidade, constatamos trazer de novo a cultura ao Teatro-Cine era uma necessidade para a população", afirma Pedro Ramos, presidente do CCBI. No entender do responsável, a oferta diversificada em termos de música, teatro, cinema e outros eventos, é uma mais valia, a que só o esforço financeiro camarário podia responder. "Os promotores privados não têm vocação para oferecer produtos diferentes e com esta qualidade de programação", explica.
Um aspecto que é realçado é a cooperação entre os vários produtores de cultura da cidade. Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI), Teatro das Beiras e Associação Académica são entidades que têm participado na dinamização da sala. "Todo o nível de colaboração entre quem produz cultura e quem gere a casa, com os valores locais e os que trazemos de foram, faz do Teatro-Cine um grande centro de cultura, do qual a população estava ávido".
Os espectáculos que mais público trouxeram foram os musicais. Pedro Ramos não estranha a situação e explica que a "abrangência era maior". "Basta dizer", acrescenta, "que estes eventos, juntamente com o Sarau Campos Melo, fora os únicos para os quais abrimos a sala toda, que tem perto de mil lugares".

Ciclo da EPABI com novo conceito

Até ao encerramento para férias, em Agosto, o programa vai continuar a privilegiar a diversidade. Contudo, a Primeira Temporada Clássica da cidade é a organização de maior relevo e vai incluir o VII Ciclo de Concertos da EPABI. João Nuno Saraiva, director da escola, refere que a abertura do Teatro "permite alargar o conceito do Ciclo". A ideia é oferecer um conjunto de espectáculos que mostre o que se pode fazer de música clássica sem grandes meios, isto é "sem precisar de uma orquestra sinfónica de oitenta elementos".
Do programa consta, a título de exemplo, um concerto a quatro mãos, "que não é muito normal, mas vai ser divertido", uma ópera de Jean Cocteau, "que é uma espécie de monólogo teatral acompanhado ao piano". A sessão de encerramento vai contar com o grupo que integra três antigos alunos da escola, a estudar em Paris, "mas que continuam a ter uma forte ligação EPABI", sublinha Saraiva.
A novidade da Temporada Clássica é a possibilidade de adquirir os ingressos para os seis concertos, pela quantia de dois mil escudos. Pedro Ramos confia que a comodidade e o preço vantajoso dos bilhetes pré-comprados pode vir a ser aplicado noutros acontecimentos: "É uma forma nova de contactar com o público e vender espectáculos. Nas próximas temporadas, é possível que continuemos com o processo, tanto para o cinema como para o teatro".