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                       "Não se trata de mais um livro sobre guerra, 
                        mas de um caso de uma vida, como muitas outras, de mutilados 
                        pela guerra" diz Afonso Mesquita, presidente da assembleia 
                        geral da Liga dos Combatentes, núcleo da Covilhã, 
                        convidado a fazer, no dia 9, a apresentação 
                        do livro. 
                        "Neste livro, o autor, na sua autenticidade, proporciona-nos 
                        uma descrição do mundo em que viveu e ainda 
                        vive", afirmou ainda Afonso Mesquita. 
                        De facto, este livro relata a história verídica 
                        do autor, narrador e protagonista da acção, 
                        na guerra do ultramar: a sua passagem por esta guerra, 
                        em que se feriu ao pisar uma mina anti-pessoal, a demora 
                        em ser socorrido, o hospital, a recuperação 
                        e o regresso à pátria e à família. 
                        "Sofri muito para escrever este livro. Tive de me 
                        situar no tempo e no momento para o escrever como ele 
                        está, com o realismo que ele tem", diz Adelino 
                        Pais Fernandes.  
                        "Não é a minha vida, é a de 
                        muitos outros, de todos os que por lá passaram", 
                        acrescentou ainda o autor. 
                      "Nós também somos gente" 
                         
                        "Inferno em terras do fim do mundo" é 
                        um livro dedicado a todos os deficientes, não apenas 
                        aos da guerra, a todos os que são considerados 
                        como "coitadinhos da sociedade". Adelino Pais 
                        Fernandes aproveitou a ocasião para fazer um apelo 
                        às autoridades no sentido apoiarem os deficientes, 
                        ajudando-os a criarem uma delegação da Associação 
                        Portuguesa de Deficientes na Beira Interior. É 
                        necessário um lugar onde os deficientes se possam 
                        dirigir, onde possam ter acesso a informação 
                        sobre os seus direitos, onde possam participar em actividades 
                        que os preparem para a integração na sociedade, 
                        sem serem marginalizados ou descriminados. Necessitamos 
                        da associação para poder fazer algo, para 
                        que o deficiente possa ser gente, porque nós também 
                        somos gente", concluiu Adelino Pais Fernandes. 
                       
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