Por Cláudia Cardoso

O livro "Inferno em terras do fim do mundo", que conta o drama pessoal do autor na ex guerra colonial

"Não se trata de mais um livro sobre guerra, mas de um caso de uma vida, como muitas outras, de mutilados pela guerra" diz Afonso Mesquita, presidente da assembleia geral da Liga dos Combatentes, núcleo da Covilhã, convidado a fazer, no dia 9, a apresentação do livro.
"Neste livro, o autor, na sua autenticidade, proporciona-nos uma descrição do mundo em que viveu e ainda vive", afirmou ainda Afonso Mesquita.
De facto, este livro relata a história verídica do autor, narrador e protagonista da acção, na guerra do ultramar: a sua passagem por esta guerra, em que se feriu ao pisar uma mina anti-pessoal, a demora em ser socorrido, o hospital, a recuperação e o regresso à pátria e à família.
"Sofri muito para escrever este livro. Tive de me situar no tempo e no momento para o escrever como ele está, com o realismo que ele tem", diz Adelino Pais Fernandes.
"Não é a minha vida, é a de muitos outros, de todos os que por lá passaram", acrescentou ainda o autor.

"Nós também somos gente"

"Inferno em terras do fim do mundo" é um livro dedicado a todos os deficientes, não apenas aos da guerra, a todos os que são considerados como "coitadinhos da sociedade". Adelino Pais Fernandes aproveitou a ocasião para fazer um apelo às autoridades no sentido apoiarem os deficientes, ajudando-os a criarem uma delegação da Associação Portuguesa de Deficientes na Beira Interior. É necessário um lugar onde os deficientes se possam dirigir, onde possam ter acesso a informação sobre os seus direitos, onde possam participar em actividades que os preparem para a integração na sociedade, sem serem marginalizados ou descriminados. Necessitamos da associação para poder fazer algo, para que o deficiente possa ser gente, porque nós também somos gente", concluiu Adelino Pais Fernandes.