António Fidalgo


A graça e as obras

Foi um primeiro-ministro já fora do estado de graça da comunicação social que 6ª feira e sábado passados visitou uma série de obras essenciais ao desenvolvimento do Interior: a auto-estrada de Belmonte - Guarda, a Central de Compostagem da Cova da Beira, o Cibercentro e a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior. Numa altura em que se tornou moda dizer mal de António Guterres, moda de que a entrevista de Manuel Maria Carrilho ao jornal Público no último Domingo constitui triste exemplo, convém lembrar e agradecer as obras que se fizeram ou estão em curso na Beira Interior sob a sua governação: auto-estrada de Abrantes à Guarda, gás natural, Faculdade de Ciências da Saúde, renovação da linha-férrea da Beira Baixa, barragem do Sabugal e regadio da Cova da Beira, Central de Compostagem, programas Polis para Castelo Branco, Guarda e Covilhã.
Será certamente humano, demasiado humano, bajular quem está na mó de cima e pisar ainda mais quem está na mó de baixo. Também com Guterres se cumpre a lei da roda da fortuna que gira sem parar, e que quando parece parada por vezes lá em cima é apenas para evidenciar ainda mais a velocidade do movimento descendente. Diz o povo que quanto mais se sobe, maior o trambolhão. Tudo isto, porém, não nos deve impedir de reconhecer o muito que se fez pelo Interior nos últimos anos.
Que a graça e as obras não são directamente proporcionais é um dos temas mais controversos e mais antigos do cristianismo. No início o primeiro-ministro não precisava de obras para gozar de todas as graças da opinião pública e sobretudo da publicada. Agora que se lhe foi essa graça, não há obras que lhe valham. Contudo, para que nem tudo ande ao sabor da moda, há que exercitar o espírito crítico, navegar contra a maré, e saber ver para lá dos caprichos da multidão.
A Beira Interior e, em particular, a UBI não podem e não devem esquecer o muito que nestes últimos anos se fez pelo seu desenvolvimento.