Docente de Sociologia em investigação com universidade brasileira
Direito de Menores junta portugueses e brasileiros
em seminário on-line

Por Raquel Fragata

Cerca de 300 investigadores, juristas e advogados portugueses e brasileiros participaram no seminário on-line sobre o Direito de Menores. Catarina Tomás, docente de Sociologia em representação da UBI, falou do caso português.

Catarina Tomás, docente do Departamento de Sociologia da UBI, participou recentemente num seminário on-line sobre "Temas Actuais sobre Direito da Infância e Juventude" que decorreu entre os dias 19 e 21 de Junho.
Licenciada em Sociologia, pós graduada em Protecção de Menores e com mestrado em Sociologia Jurídica/Direito de Menores, pela Universidade de Coimbra, Catarina Tomás foi a única investigadora na área da sociologia jurídica e do direito a participar no evento. Promovido pelo Âmbito Jurídico, em colaboração com a Ordem dos Advogados do Brasil e o Departamento de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Rio Grande, os seminários que decorrem desde 1998 com a participação de inúmeros juristas, advogados, psicólogos e docentes, visam a troca de experiências e conhecimentos. Deste trabalho resultou a publicação de "Direito de Menores: período de transição em Portugal", tese que aborda a realidade portuguesa presente.
Neste seminário a realidade brasileira e portuguesa foram debatidas entre cerca de 300 participantes. Em Portugal o Ministério da Justiça (MJ) está a preparar uma alteração à Lei Tutelar de Menores. "Esta lei", explica a docente, "vem introduzir uma diferença fundamental: subdividindo os menores em menores de risco e menores delinquentes". Actualmente estas crianças não recebem tratamento diferenciado, atendendo à gravidade dos crimes cometidos, e são mantidas em colégios de acolhimento sob alçada do MJ. Com esta alteração à Lei, passar-se-á a depender de dois Ministérios que ajuízam e tutelam o caso: no primeiro exemplo, o Ministério da Solidariedade, no segundo, o MJ. Mas questões como a falta de acompanhamento das famílias, de apoio socio-económico são levantadas pelos especialistas. "Cria-se um ciclo de delinquência quando as normas jurídicas se opõem às práticas sociais", explica. No Brasil discute-se actualmente a possibilidade de baixar a idade de imputabilidade dos menores e a criação de centros prisionais para estes delinquentes. Nesta situação, defende Catarina Tomás "o Estado passa de protector a penalizador".
Catarina Tomás entende que esta partilha de conhecimentos entre a UBI e a Universidade do Rio Grande poderá ser uma experiência positiva, na medida em que permite a criação de contactos entre investigadores.