Por Sérgio Felizardo
NC/ Urbi et Orbi


O arquitecto Pedro Flávio Martins explica a Carlos Pinto e José Pinho os pormenores do projecto da nova sede

Um edifício construído de raiz, de traça moderna, mas materiais sóbrios, vai surgir em plena zona histórica da Covilhã. A Rua das Portas do Sol prepara-se para acolher a sede do Clube Nacional de Montanhismo (CNM), que, ao fim de 15 anos sem casa própria, garantiu no sábado, 14, o total apoio da Câmara Municipal para esta nova etapa.
O projecto é da autoria do jovem arquitecto covilhanense, Pedro Flávio Martins, e segue agora para o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) para uma segunda análise. A primeira verificação dos técnicos do Instituto sugeriu algumas alterações motivadas pela implementação em área histórica, mas agora tudo deverá estar já em conformidade. Pelo menos assim espera o presidente da autarquia, Carlos Pinto, e o responsável pelo CNM, José António Pinho. Os dois assinaram, no sábado, o protocolo que possibilita o arranque dos trabalhos e promete a sua conclusão até ao fim do ano.
Pinto espera, assim, que o Clube possa estabilizar e retomar as suas actividades normais. "Não queremos que o Montanhismo seja falado porque lhe falta sede e subsídios, mas sim porque tem um calendário de actividades e uma casa aberta a todos os amantes da Serra da Estrela, da montanha em geral e do desporto", sublinha o autarca. Na resposta, José Pinho não poupa elogios ao executivo camarário, assegura que "todos os problemas estão ultrapassados" e garante: "Vamos estar dentro das muralhas da cidade e, como tal, seremos autênticos guardiões da Estrela. Vamos defender e honrar as tradições da nossa terra e retomar todas as nossas actividades normais".

Pinho é candidato à presidência do Clube

Do desporto de montanha, com o esqui à cabeça, mas sem esquecer a escalada e as marchas, até ao ténis de mesa (há muitos anos desactivado), José Pinho quer o Clube em funcionamento pleno. Para que isso aconteça o actual presidente aproveitou a cerimónia de assinatura do protocolo com a Câmara e anunciou a sua recandidatura à liderança.
Muito aplaudido pela meia centena de sócios presente, Pinho espera que a nova sede "atraia mais associados e muitos jovens". O CNM precisa de pessoas e o espaço está concebido de forma a agradar a todas as idades, como explica o arquitecto: "Primeiro porque está na zona antiga, com grande história e com uma vista fabulosa para o lado da esquadra da PSP, depois porque é algo novo e de características modernas". Traços que, no entanto, continua Flávio Martins, "lhe conferem o poder de se imiscuir no que lá existe sem chocar". O espaço ocupa 300 metros quadrados, é coberto com uma estrutura metálica revestida a cobre, que lhe dá uma tonalidade similar à das restantes casas, tem dois andares, uma varanda panorâmica ao longo de toda a fachada de vidro, duas lareiras, um salão de convívio com mesas de ténis, entre outras particularidades. "Tudo em sistema aberto, pouco compartimentado e polivalente", realça o arquitecto.
A Câmara Municipal é a responsável pela construção e financiamento da sede que, de acordo com o protocolo, passa para a responsabilidade do CNM por um prazo de 50 anos. Um investimento de 40 mil contos, que inclui o realojamento de duas famílias, actualmente a habitarem dois edifícios contíguos à obra e bastante degradados. "É um acto de justiça para com um clube que nos últimos 48 anos tem um papel de relevo na imagem da Serra", conclui Carlos Pinto.