A catástrofe do ensino em Portugal

No seguimento do meu editorial no Urbi desta semana (www.urbi.ubi.pt), recebi a carta que segue em baixo. Tive o cuidado de retirar as referências da autoria da carta e substitui-las por (...). De resto não alterei rigorosamente nada.
Creio que esta carta mostra bem o estado catastrófico a que chegou o ensino em Portugal. É preciso ler para acreditar. Como é possível cometer tantos erros, ortográficos, sintácticos, e de construção de raciocínio? (Devo dizer que tal conjunto de erros equivaleria numa quarta classe, feita em 65/66, a um conjunto de reguadas tal, que seria uma autêntica sova)
Quem me escreveu a carta vai ensinar para os ensinos básico e secundário! E ainda se pergunta onde está o mal do ensino português?! Esta carta é o produto destilado de anos e anos de laxismo nas escolas portuguesas, da escola primária à universidade.
Mas ainda não é o pior. Quem me escreveu a carta ainda lê artigos de opinião e toma posição sobre eles. Que será daqueles que nem artigos de opinião lêem, e muito menos tomam posição sobre eles?
Com certeza que quem escreveu a carta não tem consciência de que a sua carta é a prova acabada do que escrevi no meu editorial; a refutação que pensa fazer do meu artigo é a terrível confirmação do mesmo. O pior de tudo é que a pessoa que me enviou esta carta desconhece que ela própria é uma verdadeira vítima do sistema de ensino nacional.


Caro Professor
(...)
Este ano vou estagiar e por isso mesmo o tema polémico tratado no artigo "Avaliações e avestruzes" não me deixa indiferente. Na minha opinião a comunicação social ( em especial a televisão)tratou do assunto de forma leviano e irresponsável. Pena não teremos um ministro à altura do cargo que desempenha.
No seu artigo notei que continha o sentido preverso com que estes assuntos da divulgação das classificações tem sido tratado.
A disciplina de Matemática contribui em grande parte para essa discussão. Fico espantado que de repente toda a gente é pedagogo e educador, pelo menos falam como se conhececem a realidade do ensino, em especial os jornalistas e a comunicação social. Só provou a imaturidade dos agentes involvidos e responsaveis pela comunicação social e em última análise, mostra a responsabilidade de quem lhes ensinou a profissão.

"Não é escandalosa a enorme diferença entre as notas internas e as externas, como bem escreveu Luís Salgado de Matos no jornal O Público de 10 de Setembro de 2001?"

Nunca ningiém disse que os alunos tinham OBRIGATÓRIAMENTE de ter notas iguais durante o ano e nos exames. Porque?? A nota do ano não é so reflexo das notas nos exames pode chegar, por horientação do ministério a ser 50% nota nos testes 50% de avaliação continua, era bom que quando se fala de um assunto as pessoas se informassem sobre o que se está a falar, não lhe parece?

"É caso para perguntar: quem tem medo da verdade? Será que a ignorância indolente é melhor que a consciência angustiante de que algo vai muito mal no ensino em Portugal?"

Verdade?!!Qual verdade?! Divulgaram-se números, apenas números quem construiu "uma" verdade foram os meios de comunicação social que muito rapidamente tiraram as conclusões que mais sensasionalismo fariam!Quais as escolas más e quais as boas?! Se o insucesso dos seus alunos, e dos alunos no ensino superior, não pode ser atribuido aos professore do superior, porque motivo se atribui a responsabilidade do insucesso no secundário aos professores do secundário. A culpa e da pré-escola ou da parteira. como diz o ditado a culpa morreu solteira!

"E os poucos professores que persistem em lutar contra a demissão generalizada, que têm a coragem de dizer não, de chumbar, são classificados de maus professores, sem capacidade pedagógica"

Concordo que não se pode baixar os níveis de exigência, mas não se pode também meter a cabeça na areia e não ver que uma grande parte dos professores universitários não têm competências pedagogias. Como é que as podeiram adquerir?!Resguardam-se nas competências ciêntificas que não lhes valem de nada.
Os alunos sabem, por vezes, reconhecer o esforço e dedicação dos Professores para motivar os alunos. O ensino superior não é discutido, que se faça provas nacionas no fim das licenciaturas, para que se possa tirar conclusões indênticas! O ensino superior passeia-se com uma certa imonidade às criticas já que não é de fácil control. Como se imagina a ver os seus alunos a prestar provas nacionais com outros alunos de Comunicação do resto do País. Ficaria descançado ou preocupado com as conclusões certas ou erradas que se poderiam tirar dai. Lavava as maõs, ou era o primeiro a aceitar as responsabilidades.
Ser deus deve ser muito fácil, dificil é ser-se humano. olhar as coisas de fora e com uma certa superioridade é fácil, dificil é estar dentro delas e enfrentá-las e vivê-las. Não sei se as minhas criticas são totalmente justas, mas é o que penso.
Sem mais de momento
Obrigado

(...)