Por Sérgio Felizardo
NC/Urbi et Orbi


A aprendizagem da música na Covilhã motiva cerca de 200 alunos prontos para mais um ano lectivo

No arranque do ano lectivo 2001/2002, as escolas que se dedicam ao ensino da música na Covilhã continuam a debater-se com alguns problemas estruturais. No Conservatório Regional as dificuldades prendem-se com o facto de o Ministério da Educação (ME) não ter destacado qualquer professor para o ensino primário, o que obrigou à contratação de três novos docentes pagos pela própria instituição. Na Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI) as dificuldades são as conhecidas e prendem-se com a precariedade das instalações. A autarquia terminou, recentemente, algumas obras de melhorias, mas, mesmo assim, segundo revela Paula Ramos, directora pedagógica do estabelecimento, "se até 2003 não estivermos noutro local o Ministério acaba com a Escola". Uma situação que, entretanto, deverá ser resolvida, pois, continua Paula Ramos, "a Câmara Municipal está já em contactos para a concretização do projecto de um novo edifico".
Apesar de todas as contrariedades, o ano lectivo começa a dar os primeiros passos. Na EPABI, que este ano assinala 10 anos de existência, a partir do próximo dia 24, são esperados cerca de 80 alunos, que vão frequentar seis turmas, entre o 7º e o 12º ano. 56 professores asseguram um ensino que, segundo a directora, "é direccionado para a uma formação profissional de futuro". Para frequentar a EPABI a partir do 7º ano é necessário ter o 6º ano completo e passar por um teste de admissão, enquanto para o 10º ano se pede o equivalente ao 5º grau dos conservatórios. No final dos estudos, um aluno da Escola Profissional que tenha frequentado o Curso Básico de Instrumento, que inclui disciplinas sócio-culturais e artísticas, obtém equivalência ao 9º ano de escolaridade e o Diploma Profissional de Nível II, reconhecido na União Europeia. Com o Curso de instrumento, as habilitações ganham a equivalência ao 12º ano, o Diploma Profissional de Nível III e a possibilidade de seguir para o Ensino Superior. A Escola oferece, ainda, subsidio de refeição e alojamento (em caso de necessidade), transporte diário e o instrumento musical.

Tempos Livres no Conservatório

No Conservatório, por sua vez, as aulas para os cerca de 70 alunos do ensino primário já começaram e, embora com professores novos, "o arranque decorreu dentro da normalidade", assegura Dulce Gomes, presidente da direcção. Sem destacamentos do Ministério da Educação e sem a possibilidade de fazer requisições, a solução foi contratar três novos professores, dois deles antigos alunos da casa. Uma solução que vai mexer com as contas internas, mas que, acredita Dulce Gomes "permite constituir uma equipa mais envolvida com o estabelecimento". Até porque, continua, "todos os docentes têm residência na região".
À espera das crianças, para além do currículo básico, estão as áreas obrigatórias de Expressão e Educação Musical, Classe de Conjunto ou Coro, Sala de Estudo e Expressão Corporal. Os alunos podem ainda optar por Iniciação ao Inglês, Iniciação à Informática, Desporto Aventura, Pintura, Dança e Etiqueta e Boas Maneiras. Novidade é a continuidade do regime de ocupação de tempos livres, pois, adianta Dulce Gomes, "acaba de ser contratada uma professora para o efeito. Depois de funcionar em Julho e Agosto, este serviço vai continuar aberto a partir das 16 horas e disponível para alunos de outros estabelecimentos de ensino. As mensalidades dos frequentadores do ensino primário são calculadas de acordo com o rendimento familiar e podem chegar a um máximo de 29 contos. Já para a Pré-Primária, os custos ascendem aos 25 contos mensais, com direito a almoço, enquanto para os tempos livres se situam nos 12 contos.
O Conservatório Regional de Música da Covilhã, a comemorar 40 anos, coloca, também, ao dispôr dos interessados o ensino de música em ateliers para crianças entre os quatro e os 10 anos (três mil e 500 escudos mensais), em regime de curso livre (sete mil e 500 escudos por disciplina, para crianças e adultos), curso básico, curso complementar, canto e ensino articulado (a partir de seis mil escudos por mês). As aulas musicais vão ser leccionadas por cerca de 15 professores e, até ao momento, têm 60 alunos inscritos.






A escolinha do Zéthoven aceita 80 alunos para violino, violoncelo, piano e guitarra
 
Integrada na Associação Cultural da Beira Interior (ACBI), a Escolinha do Zéthoven é uma das opções para a aprendizagem musical na cidade. Com um número limite de 80 alunos, a Escolinha inicia o ano lectivo na última semana de Setembro e assegura o ensino de violino, violoncelo, piano e, pela primeira vez, guitarra.
Novidade é, igualmente, a possibilidade de os alunos permanecerem no estabelecimento antes e depois das aulas, já que, revela o presidente da ACBI, Luís Cipriano, em declarações ao NC, o Ministério da Educação destacou a professora Fernanda Mangana para acompanhar o projecto. Para frequentar a Escolinha do Zéthoven, a inscrição custa mil escudos e é acompanhada de quotas mensais. Na Formação Musical e Coro, ou Formação Musical e Percussão são quatro contos, enquanto se a estas hipóteses se associar a aprendizagem de um instrumento passa para oito mil e 500 escudos. Nesta modalidade há ainda preços especiais para famílias com dois filhos, sócios da Escolinha (13 mil e 500 escudos), para sócios há pelo menos dois anos (sete mil e 500 escudos) e para famílias com ordenado mínimo nacional (três mil e 500 escudos para instrumento e gratuito para Formação e Coro ou Percussão).
Entretanto, segundo Luís Cipriano, a Associação tem em curso um estudo de viabilidade para um novo conservatório, que inclui escola primária e jardim de infância e está a preparar a edição de um novo CD. O disco, tal como o NC anunciou em anteriores edições, é dedicado ao Ambiente, vai ter lançamento a nível nacional e conta com a participação de crianças de escolas de todo o País. O presidente da ACBI acredita mesmo que o número de participantes pode chegar aos 10 mil, pois, sublinha, está programado um concurso de poemas e vozes, de onde vão sair as letras e os cantores do projecto.