Por Anselmo Crespo


Mais uma vez a muralha cedeu e embateu numa das peixarias do mercado municipal. Os moradores estão assustados

Receio e expectativa. São estes os sentimentos dos moradores do centro histórico da Covilhã, particularmente aqueles que vivem nas casas suportadas pela antiga muralha. Mais de um ano e meio depois, a muralha do centro histórico da Covilhã voltou a ceder na madrugada de Sábado, dia 6 de Outubro. Desta vez foram três blocos de granito de grandes dimensões que se desprenderam da velha muralha indo embater no telhado de uma peixaria adjacente ao Mercado Municipal da Covilhã. Os moradores dizem-se assustados, mas confiantes ao mesmo tempo: " A Câmara tem colaborado muito connosco e nós esperamos o melhor possível da parte do presidente", diz Lúcia Sutre, uma das moradoras que foi mais afectada pelo último desmoronamento.
À semelhança do que aconteceu da primeira vez que a muralha cedeu, em inícios de 2000, a Câmara Municipal voltou a alojar algumas das famílias afectadas num pensão, até que as obras fiquem concluídas. Lúcia Sutre, juntamente com o seu marido e duas filhas, foi uma dessas famílias. Lembra que "já aqui vivo há seis anos, e nunca tive medo de cá morar", garante. Rejeita por isso completamente a ideia de ter que mudar de casa , e mostra-se confiante numa resolução eficaz do problema: "Quando isto aconteceu a primeira vez, o presidente da Câmara garantiu que as coisas iam mudar , e estou convencida que os arranjos que fizeram ficaram bem feitos". Lúcia Sutre tem mesmo uma teoria sobre o desmoronamento da muralha. Segundo esta moradora "os muros foram todos limpos o ano passado e talvez tenha sido isso que provocou os desmoronamentos". Na altura da queda dos blocos, Lúcia Sutre não estava em casa, mas lembra que "ouvi um estrondo muito grande".
Maria Adélia Brandão, tem 73 anos e já vive naquela casa "desde pequena". Diz que, desta vez, até nem foi muito afectada com os desmoronamentos, mas da primeira esteve oito meses em casa da irmã "até eles arranjarem isto", lembra. Também Maria Adélia recusa a ideia de ter de abandonar a sua casa, mostrando-se confiante numa resolução rápida do problema por parte da Câmara.
As máquinas que estiveram a reparar a muralha acabaram o trabalho na passada quarta-feira, dia 10 de Outubro. Não houve prejuízos de vulto, mas quem passa pela rua Conselheiro António Pedroso dos Santos, não fica com certeza indiferente, depois de dois desmoronamentos em menos de dois anos.
O Urbi tentou sem sucesso, até à hora do fecho desta edição, contactar o vereador Joaquim Matias, da Câmara Municipal da Covilhã, mas não foi possível recolher as suas declarações.