Tomar contacto com a realidade do Hospital, no primeiro ano, é uma das novidades do curso de medicina da UBI
Caloiros de medicina tomam primeiro contacto com o Hospital Cova da Beira
"É fantástico"- afirma Miguel Rato, um dos 63 caloiros de Medicina

O contacto dos alunos com a realidade do hospital deve ocorrer logo no primeiro ano, defende João Casteleiro. Na primeira visita às instalações, os futuros médicos já começam a ponderar a hipótese de ficar a trabalhar na Covilhã


Por João Alves
NC/Urbi et Orbi


Quarta-feira, 17 de Outubro de 2001. Uma data que, de certo, ficará na memória dos primeiros caloiros do curso de Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UBI. É que, foi esse o primeiro dia em tomaram contacto com o Hospital Cova da Beira, um dos locais obrigatórios de estudo nos próximos anos e, para alguns, o futuro local de trabalho.
Chegaram quase todos de táxi, sorridentes e curiosos perante o novo cenário que se lhes deparava. Depois de verem, no anfiteatro do hospital, um vídeo que lhes contava um pouco da história da cidade e as instalações que a unidade hospitalar dispõe, lá começaram uma visita guiada pelo presidente da Comissão Instaladora, João Casteleiro, a vários locais do edifício como a consulta externa, ginecologia, urgências ou cirurgia geral. Porém, logo à chegada, receberam o primeiro desafio por parte do responsável máximo do hospital. "Provavelmente, alguns de vocês vão ficar aqui até à reforma. Espero que sim, pois ficar na Covilhã foi uma opção da minha vida que tomei e que considero muito válida" explica João Casteleiro. O presidente da Comissão Instaladora avisou os alunos que para se ser médico, é preciso ter em atenção o lado humano do doente. "É preciso saber lidar com todas as pessoas na sua componente. A enfermaria e as urgências são as provas de fogo de qualquer médico" salienta.

Os alunos, esses, seguiram atentamente as explicações que cada um dos médicos que os acompanhava ia dando. Estava dado o primeiro passo naquilo a que os responsáveis do curso chamam de "inovador" numa licenciatura em Medicina: o contacto com a unidade hospitalar logo no primeiro ano. "O intuito desta iniciativa foi mostrar, a quem vai passar aqui pelo menos seis anos da sua vida, outros, esperamos nós, que estejam aqui até à reforma, o que é um hospital. O objectivo é começarem logo a contactar com esta vida que vão ter.


Os alunos mostraram satisfação pelas condições oferecidas pelo Hospital Cova da Beira
Não é no terceiro ou quarto ano que eles vão tomar contacto com o hospital ou centros de saúdes. Os alunos têm que saber logo para o que é que vão. Trazer uma bata branca não é só uma questão de limpeza. Qualquer médico tem que ter contacto com coisas menos agradáveis, como o cheiro da urina ou da enfermaria. Esta é uma forma de preparação para eles" explica João Casteleiro. E adianta que "temos um grupo de pessoas especiais, que quiseram vir para este curso. Dão logo mais garantias de interesse pelas coisas. A informação que tenho é que logo no primeiro dia estavam todos presentes. Isto não é vulgar. É a demonstração de uma grande motivação".
Para que tudo corra bem, desde o primeiro dia, os caloiros de Medicina da UBI têm já ao seu dispôr salas de apoio, para reunião, em cada um dos serviços. "Desde o início que houve essa preocupação. Estas salas estão extremamente bem equipadas" explica João Casteleiro. Quanto às funções que os alunos vão desempenhar no primeiro ano, o presidente da Comissão Instaladora esclarece que "não vão ter contacto directo com os doentes, não os vão tratar. Vão ver é os procedimentos dos profissionais de saúde, o que se costuma fazer, o que é a sua vida diária, com é que tudo funciona. Vão aperceber-se do que será a sua actividade no futuro".

Futuros médicos ponderam trabalhar na Covilhã

Para a directora de curso, Monserrat Fonseca, as primeiras impressões em relação ao hospital não poderiam ser melhores. "Pareceu-me um sítio espectacular, com uns recursos muito interessantes. É o local ideal para que o desenvolvimento da Faculdade de Ciências da Saúde tenha êxito. Apresenta todas as potencialidades para este projecto educativo. Os espaços destinados ao curso satisfazem muito, embora o hospital já tivesse sido projectado para que existissem".
Quanto aos alunos, no final de uma visita de cerca de duas horas, revelavam grande contentamento em relação ao que tinham visto até ao momento. "Sou de Santarém e conheço lá bem o hospital. É difícil estabelecer comparações porque este é um hospital fantástico ao nível dos equipamentos, informática, recursos e formas de racionalizar o funcionamento. Acho que a Covilhã está de parabéns porque nem só o curso é inovador como o é o hospital" explica Miguel Rato, um dos 63 caloiros de Medicina. Quanto à possibilidade de terminar o curso e ficar a exercer a sua profissão na cidade serrana, Miguel Rato diz estar "um pouco dividido" depois de ter visto as instalações do hospital. "Tinha a ideia de voltar para Santarém, mas já não sei. Isto tem condições excepcionais. É uma decisão que preciso de ponderar".
Já Ana Moreto, natural do Porto, diz que o Cova da Beira " não tem nada a ver com outros hospitais. Por exemplo, o hospital de São João é enorme mas tem um aspecto pior. Entramos lá dentro e fica-se muito mais assustado. Este é mais claro, ajuda as pessoas a sentirem-se bem. E em termos de equipamento é melhor, tem mais conforto". Outra das alunas que acompanhou a visita foi Joana Couto, uma das covilhanenses que entrou no curso. Para esta caloira, a visita "foi muito boa. Permitiu às pessoas de fora conhecer as instalações e a tecnologia do hospital. Foi muito positivo".