por
ana maria fonseca
O Xangô de Baker Street, baseado no livro
homónimo de Jô Soares, é uma
comédia que mistura aventura policial e suspense,
além de promover o encontro de diversas figuras
históricas nas situações mais
inusitadas.
O filme, tal como o livro, passa-se em finais do
século XIX, quando a França influenciava
directamente vida cultural no Rio de Janeiro.
D. Pedro II (Cláudio Marzo) fica intrigado
com o mistério em torno do roubo do valioso
violino Stradivarius. A actriz francesa Sarah Bernhardt
(Maria de Medeiros), a trabalho no Rio naquela altura
aconselha-o a solicitar os serviços do notável
detective Sherlock Holmes (Joaquim de Almeida).
O inglês aceita o pedido, sem saber que vai
se deparar com o primeiro "serial killer"
da história, responsável por uma onda
de crimes hediondos e enigmáticos. Enquanto
o assassino concretiza os seus intentos, Sherlock
e o seu amigo inseparável, Dr. Watson (Anthony
O'Donnell), desfrutam os prazeres da feijoada, vatapás,
mulatas e muitos outros oferecidos pelo Rio.
O filme é uma grande brincadeira. Mostra
o início da globalização do
Brasil quando há a troca de culturas diferentes.
A adequação à época
não deixa nada a desejar. Um grande senão:
Para quem já leu o livro o suspense possível
perde-se quase logo ao início, restando a
expectativa das peripécias do livro que o
realizador inclui ou não na película.
Muitos episódios se perdem e nenhum se ganha,
uma vez que o filme seguiu à letra a obra
de Jô Soares.
Para quem ainda não leu, aconselha-se primeiro
uma espreitadela ao filme. Se não gostarem
do tipo de humor, não vale a pena pegar na
versão escrita.
É um filme divertido onde não faltam
também crimes hediondos e muitas nacionalidades
à mistura. Pelo menos quatro línguas
diferentes dão ritmo à intriga cómica
regada com suspense.
O filme foi rodado em Portugal, na cidade do Porto
e no Brasil e conta com as prestações
de Maria de Medeiros e Joaquim de Almeida.
A ver, para 94 minutos de humor irónico.
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