A noite da Latada não constituiu excecção este ano e foi principalmente dedicada às tunas académicas
Tunas e Música Pimba na Anil
Bezanas ambulantes movem Recepção ao Caloiro 2001

Depois de uma tarde de latada, entusismados ao máximo, os estudantes, sempre de copo na mão, vibraram ao som das tunas e de Quim Barreiros.


Por Sílvia Lopes


O pavilhão da Anil recebeu na passada quarta feira, dia 7, as Tunas de Engenharia da Faculdade do Porto e do Instituto Superior de Castelo Branco, e as Tunas da UBI. Nunca uma Recepção ao Caloiro na Covilhã tinha vibrado tanto com os diversos sons académicos. A noite acabou com a malícia de Quim Barreiros a ecoar pelo pavilhão.
A primeira actuação da noite coube à Tuna Masculina do Instituto Superior de Castelo Branco. Esta tuna nasceu em 1998 com o fim da tuna mista, uma vez que se trata de um instituto de engenharias e os alunos são maioritariamente do sexo masculino. Já com um cd editado seu maior orgulho é terem a cargo a realização anual do Festival Internacional de Tunas, em Março, ex-libris da vida académica da cidade de Castelo Branco. Estar na Covilhã foi surpreendente pois, para além de não contarem com o pavilhão tão cheio, a qualidade do som era óptima.
Já a Tuna Masculina da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, apontou as más condições de som "não tínhamos som de retorno, mas tentámos trabalhar com os meios que nos puseram à disposição" comenta o porta voz. Com treze anos, são a segunda tuna mais antiga da cidade do Porto e consideram que as tunas têm um papel muito importante numa academia "promovem o convívio musical e social, são um elo de ligação entre a academia e as tradições" acrescenta.
O momento áureo da noite deu-se com a subida da Tuna Masculina da UBI ao palco. Após a actuação da Tuna Feminina, os nossos rapazes entraram no pavilhão com mísseis e espingardas de papel para se manifestarem contra o álcool nas tunas. De seguida, e porque estavam com muita sede, pediram, muito cordialmente, que lhes fossem levados ao palco vinte e dois shots e vinte e duas imperiais. O pavilhão vibrou ao som do hino da academia que descrevia na perfeição o ambiente vivido na Anil- "São bezanas ambulantes, capas negras de estudantes, a beber à desgarrada...". Segundo alguns elementos da tuna este foi o melhor concerto de sempre, nunca tinham sentido o público tão perto.

"Nós somos mesmo assim, a irreverência é a nossa essência. Não nos consideramos uma tuna, isso é uma imposição social, somos uma orquestra académica. Não nos identificamos com as tunas de agora, que negaram as suas origens e se transformaram em meros fazedores de música comercial para estudantes" comenta um dos membros.


Quim Barreiros animou os presentes no pavilhão da ANIL com o seu estilo "brejeiro"

A malícia de Quim Barreiros

Quim Barreiros, com uma personalidade muito própria, foi o último a animar o pavilhão. Com os níveis de álcool no sangue bastante altos, os estudantes, entre sorrisos "inocentes", lá iam gritando "chupa à Teresa". "Todos gostam de mim" comenta Quim Barreiros, "gostam da minha malícia e da minha irreverência". Com uma longa carreira, lembra-se dos tempos em que começou a cantar, na altura do 25 de Abril de 74, onde quase tudo era censurado. Já tem mais de sessenta trabalhos editados e digressões por todo o mundo. "Nasci para cantar este tipo de música e tenho muito orgulho do que faço" esclarece o cantor. Gosta de tocar para todas as faixas etárias, mas afirma que é mais fácil cantar para os jovens, "só tenho que lhes dar o mote e eles cantam e dançam comigo" conclui.
Cansados de um dia de latada e uma noite de euforia, pouco a pouco, os estudantes foram abandonando o pavilhão que até às seis da manhã se manteve com música de discoteca.