Hélder Sequeira


"Os politécnicos e as escolas neles integradas têm que assumir a avaliação periódica dos seus cursos, departamentos, serviços e docentes". Esta a posição do presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), Jorge Mendes, defendida no decorrer da sessão solene de abertura do ano lectivo, realizada na última quinta-feira, 29 de Novembro. A futura Escola Superior de Saúde, a construção da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações e a necessidade de ampliação da Escola Superior de Educação emergem do conjunto de projectos destacados pelo responsável.
Jorge Mendes centra a sua intervenção sobre os desafios que se colocam ao ensino superior politécnico, caracterizando ainda a actual realidade do IPG e as perspectivas em relação ao futuro. Depois de salientar que "o período actual é de transição, de risco e de oportunidade", o presidente aponta como principais desafios para o ensino superior politécnico, nos próximos anos, a "reforma do modelo de governo e gestão das instituições e das escolas neles integradas" e a construção da Área Europeia de Ensino Superior. Plano onde defende a necessidade de acabar com "uma supervisão estatal híbrida que a ninguém tem aproveitado" e, por outro lado, alerta para o desafio da qualidade/excelência.

Padrões de qualidade e apostas estruturantes

Relativamente a este último aspecto, o presidente do IPG considera: "Sendo irreversível a massificação do ensino superior - ou a sua democratização - é determinante para o ensino politécnico a aposta na qualidade e na excelência dos cursos que oferece". Jorge Mendes acrescenta que "os politécnicos e as escolas neles integradas têm que assumir a avaliação periódica dos seus cursos, dos seus departamentos, dos seus serviços e dos seus docentes", sublinhando que "existe uma forte pressão social no sentido de melhorar os padrões de qualidade de ensino".
Na sua intervenção, Mendes comentou ainda que "mais do que discutir se os institutos devem passar a universidades politécnicas (neste momento uma mera opção de cosmética)" é fundamental haver por parte do Estado "uma política orçamental que tenha em conta a absoluta igualdade entre os dois sistemas de ensino superior". Aludindo depois aos projectos do Politécnico em termos de construção de novas estruturas, o responsável destaca a construção, dentro em breve, da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações, na cidade de Seia, obra que está orçada em 530 mil contos, e já com adjudicação feita. A construção da sede da Associação de Estudantes do IPG foi também mencionada na lista dos planos da presidência. As futuras instalações vão ser construídas num terreno adjacente ao campus, tendo sido aberto um concurso de ideias, para o qual foram convidadas cinco firmas. O PIDDAC de 2002 tem já inscritos 26 mil contos para esta obra. Jorge Mendes anuncia ainda a intenção da ampliação da Escola Superior de Educação, obra que está estimada em 230 mil contos e a ampliação e criação de novos espaços na Escola Superior de Enfermagem, havendo, neste último caso, inscrito no PIDDAC do próximo ano uma verba de 45 mil contos.
A transformação da Escola Superior de Enfermagem em Escola Superior de Saúde é uma das cinco apostas estruturantes para os próximos anos. O presidente deu a conhecer que este processo foi já remetido ao Ministro da Educação, proposta na qual se refere "que a conversão da ESENf em Escola Superior de Saúde é uma aspiração de toda a sociedade guardense estando fortemente envolvidas todas as forças políticas, sociais, agentes económicos e, não menos importantes, todos os profissionais que trabalham na área da saúde".

Engenharia de Telecomunicações em 2002

A aprovação para o próximo ano lectivo do curso de Engenharia de Telecomunicações, na Escola Superior de Turismo e Telecomunicações, a reformulação/apresentação de novos cursos na ESE e ESTG e a abertura de mestrados na Escola Superior de Educação são outras directrizes evidenciadas por Jorge Mendes.
Por sua vez, o director geral do Ensino Superior, Jorge Miguel Pedreira, que representou nesta cerimónia o secretário de Estado do Ensino Superior, considera que o Politécnico da Guarda, à semelhança de outros do Interior do País, tem desempenhado, nos últimos anos, um papel fundamental para o desenvolvimento da região. Segundo aquele responsável, a sociedade portuguesa pediu demais ao Ensino Superior, "isto é, houve uma espécie de messianização" que, pelo seu crescimento, por vezes "pouco planeado" e "muitas vezes desordenado, viria resolver muitos dos problemas, referindo-se aos "problemas do atraso económico, do desenvolvimento social, da realização pessoal". Mas, embora reconhecendo que as expectativas foram elevadas de mais, comenta: "o Ensino Superior poderia dar mais do que aquilo que dá", indicando que só um empenho colectivo dos vários agentes envolvidos poderá aumentar essa capacidade.
A sessão integrou uma Oração de Sapiência, proferida por Manuel Prata, centrada no passado e no presente do Ensino Superior, a entrega de diplomas de méritos a docentes e funcionários com 15 anos de serviço e de cartas de curso aos melhores alunos que concluíram os seus estudos no último ano lectivo.