Parabéns pela coragem



O meu mero estatuto de aprendiz de jornalista não me dá o direito de escrever artigos de opinião. Fá-lo quem atingiu já um determinado estatuto, que eu ainda não atingi. No entanto aproveito este espaço dedicado a todos os leitores mais atentos do Urbi para deixar duas ou três palavras sobre um acontecimento que muito me alegrou.
No passado Sábado, dia 24 de Novembro, o pavilhão da ANIL encheu por completo para assistir ao primeiro Covilhãmoda. Tenho vindo ao longo dos Últimos tempos a acompanhar a preparação deste evento, junto dos alunos de Design Têxtil e do professor Rui Miguel, director deste curso e um dos principais mentores desta iniciativa, até porque, coube-me a mim e a uma colega fazer a cobertura do mesmo. Confesso que fiquei espantado quando me fui apercebendo daquilo que estava para acontecer. Os alunos de um curso que tem apenas dois anos estavam a trabalhar com profissionais do mundo da moda que numa função mais pedagógica do que propriamente de exibicionismo, os ajudavam a passar as suas ideias para a prática. A razão de ser do meu espanto teve a ver sobretudo com a coragem demonstrada pelos mentores de tal iniciativa: afinal, o que se pretendia com este desfile era aliar o profissionalismo ao amadorismo de aspirantes a designers do vestuário, para que com isso estes pudessem aprender e sobretudo respirar um pouco do ar que se respira neste mundo que estes alunos escolheram para ser o seu no futuro. Esta iniciativa deu a possibilidade aos alunos de poderem expressar o seu talento, mas sobretudo possibilitou-lhes uma aprendizagem, por muito pequena que tenha sido, com pessoas (estilistas no caso) que estão neste mundo há; mais anos. A alegria que senti nestes meus colegas no final do desfile, ficar-lhes-á para sempre na memória, e vai com certeza incentivá-los para os próximos anos de curso.
No final, estavam todos de parabéns, mas para mim, e perdoem-me a ousadia, está de parabéns o espírito de iniciativa e a coragem do professor Rui Miguel que, apesar da grande responsabilidade, confiou nos seus alunos e deu-lhes esta oportunidade de mostrarem as suas potencialidades ao lado de grandes nomes da moda nacional. Para mim, e mais uma vez desculpem-me a desfaçatez, era este o caminho que o nosso ensino universitário deveria seguir: aplicar a teoria na prática e ir familiarizando os alunos com aquele que vai ser um dia o seu mundo. Deste desfile, os alunos de Design Têxtil levaram não só um conjunto muito maior de conhecimentos, como fizeram também eles alguns conhecimentos muito importantes. O impacto que o Covilhãmoda 2001 teve é por si só, não só prestigiante para os seus currículos como para a Universidade e para a cidade. Parabéns! pela coragem, parabéns aos alunos porque conseguiram estar à altura da responsabilidade...


Anselmo Crespo