Por Carmen Martins


O Fórum Pedagogia reuniu representantes de alunos e responsáveis pelas licenciaturas da UBI em torno dos problemas com que os estudantes se debatem

As Unidades Científico Pedagógicas (UCP) que englobam os vários
Departamentos da UBI reuniram com os respectivos alunos entre os dias 10 e 13 de Dezembro. As reivindicações dos alunos que se fizeram representar pelos núcleos de licenciatura foram diversas.
"A nível bibliográfico, a nossa biblioteca apresenta várias lacunas", referem os alunos das licenciaturas em Bioquímica e Química Industrial, no documento apresentado pelo seu núcleo, o UBIQUIMICA.
O mesmo documento revela que existe material mas em quantidades insuficientes para abranger o grande número de alunos que a eles têm de ter acesso.
Quanto à biblioteca, os estudantes não lhe atribuem só falta de livros, mas também falta de espaço. O NEFAO, Núcleo de Estudantes de Física Aplicada - Optometria, aponta no seu documento que " A biblioteca da Parada é pequena demais para acolher tantos alunos."
No que respeita ao material informático, as queixas são de que a universidade não garante aos alunos material informático suficiente onde possam trabalhar. E mais grave, algum do material disponível é utilizado para jogar, como referiu o Núcleo de Estudantes de Matemática (MATUBI). Os alunos reivindicam que o mesmo esforço feito para equipar uma sala com computadores individuais para os alunos da Licenciatura em Medicina devia ser feito para os alunos de todas as licenciaturas da UBI.
Os estudantes que frequentam o Pólo IV, repensam o apelido que lhes é atribuído "IPEC" ("Instituto Politécnico Ernesto Cruz"), dadas as condições que lhes são facultadas para estudarem.
Os núcleos representativos das licenciaturas deste pólo relembram as promessas de construção de uma cantina e de uma residência. As queixas alargam-se ainda às estruturas já criadas, que resultam numa papelaria e num bar pequenos, wc' s degradados e uma biblioteca que por ser pequena e pobre é pouco utilizada pelos alunos.
A acrescentar a todas estas reivindicações junta-se a indignação dos alunos quanto à falta de iluminação e aquecimento a partir das 16 horas, e a escassa funcionalidade dos horários de funcionamento que não facilitam o trabalho pós- laboral dos estudantes.
No entanto as principais reivindicações são dirigidas a problemas específicos de cada UCP. As "cadeiras críticas" e a aprovação ou não de um Quadro de Referências lançam achas à discussão neste fórum.



UCP de Artes e Letras
 
Fazem parte desta UCP os cursos de Ciências da Comunicação, Design Multimédia, Design Textil e do Vestuário, Filosofia, Língua e Cultura Portuguesas, Português-Inglês e Português- Espanhol.
As queixas apresentadas pelos alunos desta UCP centram-se na atribuição de nota mínima e na "capacidade de alguns docentes para darem aulas". A questão ligada à nota mínima prende-se, segundo Hugo Ribeiro, presidente do Núcleo de Estudantes de Ciências da Comunicação (UBIMEDIA), com o facto destas " impossibilitarem os alunos de irem a um ou mais períodos de avaliação", factor que poderá influenciar o aparecimento de "cadeiras críticas" no Departamento, como é o caso de Epistemologia, disciplina que apresenta a maior percentagem de reprovação do Departamento de Comunicação e Artes.
O Latim é a disciplina mais problemática da Licenciatura em Língua e Cultura Portuguesas. As causas deste insucesso devem-se à falta de preparação que os alunos trazem do Ensino Secundário e o processo rápido com que as aulas são dadas.
Como resposta a estas reivindicações os representantes de cada Departamento manifestaram o interesse em resolver estas questões. Os turnos poderão ser uma alternativa ao problema da disciplina de Latim, que repartirá os alunos pelos vários graus de dificuldade. Mas para Bruno Carvalho, presidente do PORT' UBI, Núcleo de Estudantes de Língua e Cultura Portuguesas, neste fórum "apenas se conversa, apenas se discute, não se tomam decisões", acusa.
Entretanto, a reestruturação do programa curricular da Licenciatura de Ciências da Comunicação resolverá alguns dos problemas apontados, como é o caso das disciplinas ligadas à matemática e às línguas estrangeiras.



UCP de Ciências Sociais e Humanas
 
Nesta UCP estão integrados as licenciaturas em Economia, Gestão, Ciências do Desporto, Sociologia e Psicologia.
Dos cadernos de reivindicações apresentados pelos representantes destas licenciaturas, destacam-se a extensão dos programas curriculares que "não permitem a assimilação dos conteúdos leccionados". A componente prática devia ser "mais explorada nas provas de frequência e nos exames, de maneira que os alunos possam ser avaliados em períodos práticos", ressalvam.
A falta de tempo para estudar entre as frequências e a relação distante entre aluno e professor "arrefecem toda e qualquer motivação curricular". Os métodos de avaliação dos docentes são também postos em causa nestas listas de alerta.
Em particular, os representantes dos alunos de Sociologia sugerem alterações no seu currículo. Sugestões essas que já estão a ser tidas em conta na reestruturação do programa curricular da licenciatura.
Os representantes estudantis da Licenciatura em Gestão, para além das queixas feitas aos espaços, cantina e biblioteca do Pólo IV, reivindicam melhores acessos aos computadores. "Uma vez que estamos numa era tecnológica e muitos professores já só disponibilizarem os conteúdos programáticos através da Internet, a sala de informática não está disponível para os alunos por períodos de 24 horas".
Economia, por sua vez, acentua o facto da relação entre professor e aluno ser uma relação fria e desinteressada, pelo que apela a uma mudança de atitude.



UCP de Cências de Engenharia
 
Engenharia Têxtil, Engenharia do Papel, Engenharia da Produção e Gestão Industrial, Engenharia Electromecânica, Engenharia Civil e Engenharia Aeronáutica são os cursos integrados na UCP das Ciências da Engenharia.
A carência de computadores é mais uma vez trazida a este fórum. É também sugerida a criação de um laboratório, onde seja possível desenvolver experiências e investigações. Esta sugestão vem a par das novas instalações que permitem albergar um investimento de natureza indispensável.
Para ajudar nas contas da universidade o NEUBI, Núcleo de Estudantes de Engenharia Electromecânica aponta como solução a possibilidade dos próprios alunos, através do seu trabalho, trazerem investimentos para a universidade.
Problemas vários com os docentes também afectam esta Unidade Científico Pedagógica.



UCP de Ciências Exactas
 
À semelhança das restantes UCPs, as Ciências Exactas, onde estão compreendidas as licenciaturas em Matemática, Informática, Física e Química, Física Aplicada, Bioquímica e Química Industrial apresentam como uma das principais queixas a falta de acesso a material informático.
No entanto, as reivindicações não vão só de encontro à falta de computadores. Passam também por falhas a nível de material de laboratório, no caso da Física e da Química.
O facto de algumas disciplinas serem leccionadas em comum com a UCP das Engenharias leva a que licenciaturas diferentes abordem programas iguais, que deviam ser "programados consoante as necessidades dos diferentes cursos", reivindicam. Segundo os alunos isso não acontece. O exemplo dado confere com as disciplinas de Informática que são partilhadas com os alunos de Engenharia Electromecânica.
A "cadeira crítica" de Biologia exige aulas práticas que neste momento não existem. A componente prática desta cadeira facilitaria a subida de taxa de aprovação, como sublinharam as palavras do NEFAO, no texto que apresentou.
Ainda no que diz respeito às cadeiras críticas, a nota mínima é uma das causas para que muitos alunos desta UCP, deixem disciplinas em atraso.




Painel Global

Como resposta a todas esta reclamações, Santos Silva, reitor da UBI apontou a qualidade dos docentes como uma das mais fortes apostas da universidade. 40 por cento do corpo docente é doutorado, 36 por cento encontra-se em doutoramento e 20 por cento tem neste momento licença para o iniciar.
"As cadeiras criticas da UBI são as mesmas que existem nas outras universidades", defendeu.
A queixa de falta de apoio anula-se quando a experiência é a de que os alunos não utilizam o sistema de tutorado.
No que diz respeito às queixas da inadequação dos programas curriculares, o reitor da UBI refere que a universidade tem sido visitada por equipas de avaliação externa que avaliam os currículos de forma positiva.
Em suma, Santos Silva sugere que " as atitudes dos alunos têm de ser modificadas, ao mesmo tempo que o professores o fazem".
As reivindicações foram anotadas e tomadas em consideração para futuros
debates internos dos departamentos. Tudo para que a " Universidade do séc. XXI", tema do último painel deste Fórum Pedagogia que não se realizou por falta de quórum, tome como imagem a UBI.