Foz Côa- Património da humanidade há três anos
Governo garante Museu

As diferentes posições acerca da construção da barragem e da preservação do espólio paleolítico permanecem. O Governo já decidiu e o Museu vai ser construído.


NC/Urbi et Orbi


O Parque Arqueológico do Vale do Côa, criado por decisão governamental em 1996, foi elevado à categoria de Património Mundial pela UNESCO em Dezembro de 1998. Antes, o então Secretário de Esrado da Cultura, Pedro Santana Lopes, classificara já o conjunto de gravuras como Património Nacional. No entanto e à parte de todos estes reconhecimentos, o presidente da Câmara Municipal de Foz Côa, Sotero Ribeiro, considera que no concelho "está tudo na mesma". Reconhece, todavia, que a região ficou a ser conhecida internacionalmente como uma das "capitais da arte paleolítica". O autarca continua, no entanto, a acusar o Governo de incumprimento das promessas, de onde destaca a acessibilidades rodoviárias, o apoio à fixação dos jovens e a construção do Museu do Côa.
O Governo, no entanto, já cumpriu uma promessa. No passado dia 14 de Novembro, o Executivo garantiu a concretização do projecto do Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, com o anúncio oficial a ser feito nesse dia, pelos ministros da Cultura e do Planeamento, Augusto Santos Silva e Elisa Ferreira, respectivamente.
A nova estrutura ficará no buraco aberto para o paredão da barragem que a EDP pretendia erguer naquele rio e o seu custo deverá ascender a cerca de seis milhões de contos, pagos em partes iguais pela Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) do Vale do Côa e pelo Programa Operacional da Cultura. Porém, o investimento estatal resume-se a 30 por cento do total orçamentado, já que os restantes 70 por cento serão suportados pela União Europeia.
O programa estabelecido prevê a instalação de um museu/centro de interpretação da arte rupestre do Vale do Côa, um centro de recepção, um auditório, um restaurante panorâmico, um embarcadouro e um funicular. O projecto, concebido em cascata, aproveita as fundações já existentes no ínicio da construção da barragem, facilitando o acesso pedestre ao núcleo de gravuras da Canada do Inferno, situado a poucas dezenas de metros, seguindo assim o Governo as teses defendidas pelos directores do Parque Arqueológico do Vale do Côa, Maia Pinto e do Instituto Português de Arqueologia, João Zilhão. Recorde-se que, se com Manuel Maria Carrilho no Ministério da Cultura a obra parecia um dado adquirido, com José Sasportes este projecto chegou mesmo a estar ameaçado.
Mas mesmo após a existência do Museu, Sotero Ribeiro considera que sem boas estradas, designadamente do IP2 e ligação à fronteira com Espanha, o fluxo de visitantes e consequente rentabilização económica, cultural e social das gravuras e da região não será conseguida.