Raquel Fragata

Aprender fazendo



Certo dia o Urbi et Orbi surgiu. Há cem semanas, precisamente. Para espanto, ansiedade e curiosidade de todos era dada a hora da fusão entre a teoria e a prática num espaço que serviria à aplicação dos milhares de escritos e lidos e teorizados currículos.
Na altura, ao anúncio correspondeu uma unânime euforia irreflectida dos alunos. Depois viria, por mim falo, o medo. Sim, pela primeira vez surgia um projecto mais vasto nos seus objectivos e, em consequência, mais exigente nos seus conteúdos, no comprometimento de cada um dos seus colaboradores e na avaliação dos resultados. À cidade e ao mundo. Sem analisar profundamente todos estes factores, cada um de nós ter-se-á perguntando como começar. Começando. E muitas vezes, no período em que fui a responsável pela redacção do Urbi, foi esse o meu conselho. Depois foi necessário compreender a vergonha do erro e a alegria do sucesso. Foi preciso exigir e abdicar. Por vezes até foi preciso assumir e justificar. Grosso modo, serão estes os sentimentos e ensinamentos que retenho do período em que o Urbi marcava as horas do relógio e os dias da semana.
Apesar de todas as dificuldades, conseguimos, todos, provar que é possível ensinar e aprender doutra forma. Trocou o passo e as pernas, uns pelos outros, mas venceu o descrédito e, isto sim é importante, cumpriu o seu primeiro objectivo: dar a possibilidade a todos os alunos que passaram por esta redacção, e a quem esta data também pertence, de se testarem a si e de ensaiarem as fórmulas, noções tantas vezes vagas e difíceis de remeter para o real.
Por tudo isto, o Urbi foi, e lembrar-me-ei dele assim, o laboratório onde aprendi fazendo.

p.s. - Um especial agradecimento à Dr. Anabela Gradim pelo empenho e confiança que nos incutiu. A toda a equipa do Urbi, seus colaboradores e leitores um óptimo 2002.