Ana Filipa Silva e Francisco Carvalho


A AAUBI promete efectuar um inquérito junto dos utilizadores da cantinas da Boavista, a fim de apurar a opinião sobre a qualidade do serviço prestado por uma empresa privada

A partir deste mês de Janeiro, o refeitório da Boavista experimenta uma nova gerência privada a cargo da EUREST. O concurso público para a sua concessão já está aberto. José Miguel Oliveira, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) diz ter tomado conhecimento desta concessão através dos meios de comunicação social, o que o deixou descontente, pois esperava ser "informado e ouvido" pelos Serviços de Acção Social da UBI (SASUBI), bem como pela Reitoria.
Na penúltima semana de Janeiro, os estudantes serão inquiridos, pela AAUBI, acerca da qualidade dos serviços prestados até à data.
O presidente da direcção da AAUBI não sabe porque é que não foram consultados pelos Serviços de Acção Social. A resposta do administrador dessa secção da Universidade foi de que "a decisão era de foro administrativo", adianta José Miguel Oliveira.
A Associação Académica afirma que não é contra a iniciativa até ao momento, até porque existe um aumento de procura nos serviços da cantina da Boavista, mas depois do resultado do inquérito prometem tomar uma posição concreta. Esperam ainda que a euforia dos primeiros tempos passe para verificarem com mais exactidão se a qualidade se mantém e os preços não aumentam.
Desde já José Miguel pensa que os SASUBI são obrigados a ter o papel principal, como controladores do processo. "O decréscimo de qualidade tem de ser da sua responsabilidade", afirma o presidente, ao lamentar que os SASUBI, ao conceder a gestão a privados, "mostrem que não têm capacidade para gerir". Adianta a garantia de que "em termos de preços não irá haver aumento".


Neste momento existe um aumento na procura dos serviços da cantina da Boavista




Os projectos da AAUBI para alimentação

O que se pretende é que haja uma maior diversidade de pratos, como acontece noutras cantinas do país que já foram concessionadas. Tal como disse José Miguel, "nem todas as experiências são positivas", como no caso de algumas cantinas de universidades de Lisboa.
Também no caso da cantina da Universidade de Évora, afirma José Miguel Oliveira, a concessão "revelou-se um insucesso pelo decréscimo de qualidade".
Na Covilhã temos a Cantina de Santo António, que sofrerá remodelações para receber maior diversidade de pratos. Haverá um espaço para pizzaria, "fast-food" e outro tipo de refeições. Mesmo sem estas novidades, no que diz respeito à qualidade, este refeitório não alcançava o da Boavista.
Para colmatar alguns dos aspectos negativos, os mandatários da AAUBI apresentaram várias propostas, entre elas a abertura de um bar no edifício da cantina, mas para isso eram precisas obras.
Com o inquérito prevê-se analisar a gestão da Cantina da Boavista na sua totalidade e, se os resultados do inquérito mostrarem que os alunos estão descontentes, a AAUBI, embora a decisão dos Serviços de Acção Social se mostre irredutível, promete "encontrar formas de luta para dificultar o trabalho da empresa que ganhar a concessão".

 



Aumentar a qualidade e diversificar as ementas

O objectivo da concessão da cantina da Boavista a uma empresa privada foi, segundo os SASUBI, a melhoria da qualidade das refeições. A cantina, até agora sob a alçada dos SASUBI, será explorada durante um ano pela EUREST, uma empresa privada de restauração. O objectivo é, segundo o administrador dos SASUBI, Silva Raposo em declarações à agência Lusa, melhorar a qualidade das refeições, mas também colmatar a falta de pessoal especializado na área da restauração, lacuna cada vez mais evidente com o crescimento da universidade e dos serviços prestados pelos SASUBI. "Temos tido cada vez mais dificuldade nisso. Ao concessionar-se a uma empresa privada, através de concurso público, com regras bem definidas e com controlo de qualidade, vamos ver também se conseguimos diversificar as ementas", defende o administrador.
Embora os trabalhadores passem a ser disponibilizados pela EUREST, os equipamentos continuam a pertencer aos SASUBI.
Silva Raposo garantiu ainda, em declarações à mesma agência noticiosa que, apesar de uma empresa privada explorar a cantina, as refeições continuam a ter um preço social, ou seja, 320 escudos ou 1,6 euros.