João Alves
NC/Urbi et Orbi


Dias Rocha confia que, em 2005, a região terá água de quakidade e boas condições de saneamento

"Eu também moro na Covilhã e bebo lá água. Também tenho interesse nisso". Foi assim que o presidente da Águas do Zêzere e Côa, António Dias Rocha, reagiu na passada sexta-feira, 1, à notícia do NC que avançava com o facto do ministro do Ambiente, José Sócrates, e o presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, terem acordado a constituição de uma nova empresa para gerir os recursos hídricos, na Covilhã. Esta empresa será constituída pela autarquia covilhanense em 48 por cento, o mesmo capital que a Águas do Zêzere e Côa, quatro por cento pela Associação de Municípios da Cova da Beira (AMCB) e, ao que tudo indica, será formalizada este mês.
Em Pinhel, era fácil ouvir muitos dos colaboradores de Dias Rocha comentar esta notícia. Porém, o presidente da empresa mostrou-se cauteloso quando lhe foi pedido um comentário sobre o assunto. Dias Rocha dizia ainda não saber o conteúdo desta informação, mas salientava ser importante resolver o problema de água da Covilhã. O ex-autarca refere, no entanto, que caso a nova empresa avance não haverá dificuldades de integração com o Sistema Intermunicipal que a Águas do Zêzere e Côa pretende implementar. Aliás, Rocha nega a ideia de que a constituição desta nova empresa seja o desvirtuar de todo este processo e reafirma a vontade de que todos os municípios, em 2005, tenham boa água e saneamento em condições.
Quanto a José Manuel Biscaia, presidente da AMCB (também accionista neste processo), apesar de também desconhecer pormenores deste processo, diz estar atento ao mesmo e que o facto da AMCB fazer parte desta nova empresa "é legítimo, pois é ela que detém o alvará da barragem das Cortes. Sabemos que já existem negociações, há dois anos, sobre o sistema de água, mas não sei quais as conclusões. Como vogal da Águas do Zêzere e Côa, não tive ainda qualquer conclusão acerca dessa matéria. Quero acreditar que tudo está acautelado. Espero que o Estado, mais concretamente a Águas do Zêzere e Côa, tenha algo para dizer neste processo" explica Biscaia. Por isso, os accionistas da empresa deverão reunir esta semana para abordar o assunto. O presidente da AMCB pretende estar neste encontro, já que "quero saber quais as volumetrias financeiras e o que é que está em jogo. Quero é acreditar que vai haver uma alta qualificação da água na Covilhã . Interessa é que haja aproveitamento dos recursos endógenas" salienta José Manuel Biscaia, que considera no entanto, ser "um risco" a requalificação da barragem do Viriato.

Dezassete milhões e meio de euros em 2002

Um ano e meio depois de ter sido constituída (Julho de 2000), a Águas do Zêzere e Côa prepara-se para investir, em 2002, 17,5 milhões de euros em projectos e obras. No que toca ao ano anterior, Dias Rocha refere que foram gastos sete milhões euros, quatro dos quais em obras prioritárias e três em projectos. Por isso, está confiante de que em 2005, "os objectivos traçados estarão rigorosamente cumpridos".
A empresa iniciou a sua actividade em Abril de 2001 no abastecimento de água no concelho do Fundão, a que se seguiu Penamacor, no mês de Julho. Foram reabilitadas ETAR's neste concelho, bem como em Belmonte, e na Guarda, a empresa começou a gerir a ETAR de São Miguel. Entre Abril e Dezembro foram lançados 12 concursos para empreitadas destinadas à implementação de subsistemas integrantes do Sistema Intermunicipal, como é o caso do Vascoveiro (Pinhel).
Nos próximos 30 anos, a Águas do Zêzere e Côa irá implementar um Sistema Global com capacidade para fornecer 27 mil metros cúbicos de água por dia, a 140 mil habitantes, e no que toca ao saneamento, estará dimensionado para tratar um caudal efluente doméstico e industrial de 35 mil metros por dia, correspondendo a 300 mil habitantes.