Terra e sempre terra


"Aos que fizerem da vida um sonho,
Poeticamente pensando
E poeticamente vivendo…
Desta terra Lusa, Portugal"

 

Dia Mundial da Poesia, 21 de Março


por Alice Tomé


"Terra e sempre terra"

Terra que alimentas
Pedra que falas
Rio que cantas
Água que dança
Sol que queimas
Silva que agrides
Amieiro refrescante
Protege o trabalhador
Que à tua sombra dorme
Por trabalho e dor…
Mostajeiro solitário
Ninguém queres ao teu lado
Procuras a solidão
Em terra e desolado!…
Quando alguém passa
E bom dia te dá
Abres frutos para a terra
Como bem te apraz !
Terra e sempre terra
E terra sempre serás!…

(Alice Tomé para os Valongueses do Côa, Guardenses e Gentes do Interior Beirão, em particular)


Moura Maria se chamou
"Moura Maria se chamou!…"
Diz o rouxinol à cotovia
Porque cantas todo o dia?!
Naõ sei…, não sei responder
Pergunta à Maria!…

A Maria contariam
Que junto ao moinho havia
Moura que aí se perderia
E de amor aí morreria...

Parava nesse sítio
Que logo transmitia
Sonho ou magia
Onde Maria estaria!

Alguém aí passaria
E aí deixaria
Mensagem para Maria
Dizendo que voltaria.

Foi-se o tempo e paixão
Gastaram-se os anos sem razão
Mas esse amor não morreria
E desde então Maria aí choraria!!!

Seu grito ao rio deitou
E sua água secou
Seu desejo eternizou
E Moura Maria se chamou!…
(Alice Tomé para os poetas Cariocas e Paulistanos, Brasil)

 

Desmedida papoila ou o destino de se perder

"Desmedida papoila…"
Papoila vermelha
E branca também
Vi-te na Primavera
E sempre com alguém.

Fragilidade é teu tempero
Cercando terra e céus
Dando esperança ou desespero
A quem sempre te bebeu!…

De vermelho cobres searas
Como rainha exuberante
Mas passa o vento e leva
O perfume de ser amante.

Nos campos perdida
Sempre à espera de alguém
Perguntando à desmedida!
Se o amor medida tem?!!!

Alegra quem passa
Se longe estiver
Papoila ama a saudade
De quem "por ela se perder"

Meu amigo viajante
Se bom destino queres ter!
Não desfolhes papoila
Sem primeiro te rever!…

(Alice Tomé para "Café Literário e Andarilhos das Letras", SP, Brasil)

 

P’rá Côa…Caminheiro amante…

“P’rá Côa…”

Não penses viajante
Nem caminheiro amante
Que o sonho te pertence!
Que é só teu
Só teu amante!…

Emigrante também jurara
Amor e sonho
Á terra que deixara…
Valonguense e Beirão nunca partem
Do seu Torrão Natal...terra sempre amada...

P’rá Côa vão divagar
Seu sonho e seu viver…
Bairrista, existencialista
Consciência Real,
Em Terras de Portugal…


[atome@alpha2.ubi.pt]