O trovador politicamente incorrecto

THE LAST LEGEND

Kitty-Yo | 2001

|R a z O h a r a|


Por Alexandre Silva


O que é necessário para fazer, afinal, uma boa música ou um bom álbum? O

dinamarquês Raz Ohara, aliás, Patrick Rasmussen, responde com "The last legend":

uma melodia simples e fácil de decifrar por qualquer aficcionado da guitarra, um bom

poema, em que a escolha das palavras não obedece aos critérios de etiqueta próprio

das canções ditas românticas, e um sentimento vindo lá do fundo. As referências soul

e funky são por demais evidentes, de tal modo que, a alturas, parece-nos estar a

ouvir uma jam session de Marvin Gaye ou uma qualquer faixa dos primeiros trabalhos

de Prince. Ainda assim, Raz Ohara, deixa bem vincada a sua marca. Mais pela

insolência das trovas do que, propriamente pela composição, é certo, mas que não

deixa de ser um sulco suficientemente profundo para lhe conferir a originalidade

necessária para se afastar das raízes e reclamar o resultado final como inteiramente

seu.

Depois de um álbum de estreia ("Real Time Voyeur" - 1999) com uma forte

componente electrónica, o dinamarquês privilegia agora a sonoridade acústica de uma

guitarra, acompanhada, em algumas faixas, por percussões latinas, relegando os

sintetizadores para segundo plano.