Luís Silva

Santo António ainda faz milagres


Saído às ruas de Lisboa para ver as festas populares, para além das habituais marchas na Avenida da Liberdade, encontrei festas verdadeiramente populares pelos bairros lisboetas. Nas sete colinas surpreenderam-me as dezenas, senão mesmo centenas de milhares de pessoas que enchiam e animavam aquelas ruas.
Na Avenida da Liberdade, o mesmo de sempre: marchas acompanhada de fanfarras, umas mais afinadas do que outras, mas por aqui não me demorei muito.
Caminhei até Alfama e, aqui sim, a festa era a valer. Sardinha assada por todos os cantos, restaurantes improvisados, muitos deles pelos próprios moradores, e vendedores de cerveja, vinho e outras bebidas por todas as esquinas do bairro.
O curioso, no meio disto tudo, eram as pessoas que por aqui passavam. A grande maioria jovens, e de todos os géneros e estilos.
Os tempos mudam, mas se há coisa que, provavelmente, não vai acabar, são estes arraiais.
Um aspecto interessante no meio de uma crise e de contenção em que o país vive, depois do anúncio de que o índice de confiança dos portugueses é o mais baixo desde 1900, foi curioso notar o vigor da economia popular, proporcional ao daqueles que gastavam para se divertirem numa boa noite de farra.
É verdade, a crise existe, assim diz o Governo, mas Santo António não deixa os créditos por mãos alheias. Afinal os Santos ainda fazem milagres.