No início da década de 90, havia quatro helicópteros no distrito
Comandantes das 12 corporações preocupados
Bombeiros do distrito sem helicóptero há dois anos

O alerta foi feito pelo presidente da Federação de Bombeiros de Castelo Branco. Rui Esteves chama também a atenção para o facto de as 12 corporações continuarem com os meesmos meios de combate de anos anteriores.


Céu Lourenço
NC/Urbi et Orbi


O presidente da Federação Distrital de Bombeiros de Castelo Branco alerta para o facto de no distrito não existir um helicóptero para combate a incêndios florestais. Rui Esteves relembra que "há dois anos a esta parte que o distrito se viu privado do helicóptero que sempre teve, isto é, no início da década de 90 chegamos a ter quatro e agora nem sequer um possuimos". Daí que Esteves compreenda perfeitamente que os comandantes das várias corporações do distrito se mostrem preocupados e descontentes, situação que o levou a pedir explicações, o ano passado, ao presidente do Serviço Nacional de Bombeiros. De acordo com o responsável distrital, a resposta que obteve não foi convincente, "uma vez que nos garantiu que no dispositivo de 2002 estava contemplado um helicóptero. Mentiu-nos, porque confirmamos que o mesmo não constava para o distrito". E prossegue: "Poderia haver aqui a justificação de dizer que este ano ano há menos meios aéreos, mas não é verdade, dado que os meios são os mesmos e não havendo corte não havia razão para assumirem o compromisso que tiveram connosco".
Quanto aos meios de combate, Rui Esteves diz que são os mesmos do ano passado. Assim, os 192 homens,distribuídos pelos 12 corpos de bombeiros e pelas duas pistas de meios aéreos, na Covilhã e Proença-a-Nova, continuam este ano. A falta de limpeza da floresta é outro dos grandes obstáculos ao trabalho dos "soldados da paz". De acordo com o presidente da Federação Distrital "verifica-se no distrito um grande abandono das propriedades florestais em que na maioria dos caminhos constatamos que existem árvores o que quer dizer que os mesmos não são percorridos nem limpos há muito tempo". "Num País onde não há um ordenamento florestal adequado leva a que quando nasce um incêndio este se transforme num de grande proporções, o que é, obviamente, um problema para os bombeiros", remata Esteves.

Produtores Florestais querem punição exemplar para incêndiários

A época oficial de incêndios já começou e todos os anos são desvastadas pelas chamas milhares de hectares de floresta e muitos desses fogos são de origem criminosa. A Associação de Produtores Florestais da Beira Interior (APFBI) pretende que a Polícia Judiciária (PJ) investigue com mais incidência os casos de fogo posto e que os incendiários sejam presos e condenados exemplarmente. "Não faz muito sentido que com os valores que estão em causa, dado que estamos na presença de milhões de euros da produção da floresta portuguesa", refere João Caldeira, secretário-geral da Associação, a qual considera que uma actuação mais persuasiva da PJ levaria os incendiários a "pensar duas vezes" antes de repetirem o crime. "Nós temos provas de que há muitos fogos de origem criminosa", afirma João Caldeira que sustenta ainda que a ineficácia na repressão e identificação de incendiários acabará por ter consequências a nível nacional.