Profissionais da saúde aderiram à greve na Covilhã mas serviços mínimos estiveram assegurados
Serviços mínimos estiveram assegurados
24 horas de greve no Hospital

A greve de 24 horas convocada a nível nacional registou uma adesão significativa no Hospital da Covilhã.


Por Ana Maria Fonseca


A greve dos profissionais da saúde da passada sexta feira não afectou significativamente o funcionamento do Hospital da Covilhã. Apesar de uma adesão significativa por parte de funcionários e enfermeiros, os serviços mínimos estiveram assegurados, evitando transtornos aos utentes que se dirigiram a este serviço na passada sexta feira, 19.
"Estamos contra o Governo, e não contra o doente", assinala José Varandas, dirigente sindical a nível distrital e coordenador na área da saúde do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública e funcionário no Hospital da Covilhã.
Segundo o dirigente sindical, as principais reivindicações que pautaram a greve prendem-se com a insegurança dos trabalhadores. "Neste hospital há cerca de 50 por cento de contratados. Se despedirem estas pessoas, o hospital pára", refere.
A possível privatização da Segurança Social e da gestão hospitalar são outras preocupações. "Os privados querem rentabilizar ao máximo. Hoje em dia, quem não tem dinheiro não tem segurança na saúde, morre nas esquinas das ruas", diz.
Também o novo diploma sobre os horários de trabalho, que prevê a alteração das horas de trabalho nocturno, não reúne aprovação por parte dos funcionários.
"Os salários não estão em causa, mas a insegurança que reina entre os trabalhadores", resume.
Carlos Fonseca, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, afirma que os enfermeiros defendem um sistema nacional de saúde público. "O novo diploma de gestão hospitalar revela que o governo quer entregar tudo aos privados", refere, acrescentando que nesse diploma há um artigo onde se põe em causa a autonomia da classe de enfermagem.
Para este enfermeiro, a privatização é um mal geral "para a população portuguesa porque os utentes acabam por ficar prejudicados", salienta.
Os números da greve da passada sexta foram de 69 por cento, na generalidade dos funcionários e durante o horário da manhã que vai das 24 às 8 horas, de 46 por cento no turno da tarde, das 8 às 16 horas e de 61 por cento no turno da noite, das 16 às 24 horas.
Carlos Fonseca assegura que, no turno da noite houve 100 por cento de adesão à greve, 97 por cento durante a manhã e 86 por cento no turno da tarde, por parte dos enfermeiros do Hospital.
José Varandas aponta valores que vão dos 85 aos 100 por cento de adesão à greve, no que respeita aos funcionários da instituição.
O protesto dos funcionários da área da Saúde teve como objectivo principal criticar o diploma de alteração hospitalar aprovado a 11 de Julho, considerado o primeiro passo para a privatização deste sector.
A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e Sindicato das Tecnologias da Saúde aderiram à greve por todo o País.