Por Catarina Rodrigues


Gardunha foi assolada pelas chamas

A paisagem verde da serra da Gardunha deu agora lugar a um cenário de desolação. O incêndio que deflagrou perto de Alcongosta, no concelho do Fundão, na passada quinta-feira, estendeu-se até perto de Castelo Novo. Centenas de hectares de floresta, pomares de cereja e outros frutos foram consumidos pelas chamas.
O incêndio da Gardunha pôs em perigo algumas habitações. Em Castelo Novo acabou por ser atingida uma casa de Turismo Rural e perto de Alcongosta foram destruídas as condutas de abastecimento de água, uma situação que está a condicionar o serviço prestado aos cerca de 700 habitantes da aldeia.
O túnel da Gardunha teve que ser encerrado ao trânsito na noite de quinta-feira. O fumo intenso proveniente do incêndio concentrou-se no interior do túnel e fez com que este estivesse intransitável durante mais de quatro horas.
Segundo informações do Centro Nacional de Coordenação de Socorros, no combate às chamas estiveram envolvidos mais de cem bombeiros de 23 corporações com 37 viaturas no terreno e também com meios aéreos. Todos os recursos foram poucos para combater o incêndio que se levantou em várias frentes o que instala a suspeita de acção criminosa.
A Gardunha perdeu com este incêndio grande parte da variedade florestal de que dispunha. Os estudos que estavam a ser realizados no âmbito da classificação da serra como parque natural estão agora ameaçados.

Freguesia de Alcongosta mostra indignação

Os órgãos autárquicos da junta de freguesia de Alcongosta reuniram no dia 17 de Agosto e mostraram-se indignados com o serviço prestado pelo Comando Operacional Distrital que segundo o presidente da junta Carlos Rolão "prestou um péssimo trabalho". Esta posição verifica-se devido à inexistência de meios aéreos na Gardunha no dia em que deflagrou o incêndio. O que poderia ter sido um fogo de pequenas proporções converteu-se numa catástrofe.
Os órgãos autárquicos decidiram por unanimidade manifestar a sua posição ao Governo Civil de Castelo Branco, ao Ministério da Agricultura, ao Ministério da Administração Interna, ao Ministério das Cidades, Ambiente e Administração do Território, à Câmara Municipal do Fundão (CMF) e à Direcção Regional da Agricultura da Beira Interior.
Entretanto foi pedida uma reunião com o presidente da CMF. O objectivo principal é resolver rapidamente o problema do abastecimento de água na freguesia de Alcongosta.





Interior maltratado pelas chamas
 

O concelho da Covilhã também não escapou à onda de incêndios que se verificou no interior do país na semana passada. A zona do Casal da Serra, na freguesia do Tortosendo foi fustigada pelas chamas no mesmo dia em que deflagrou o fogo na Gardunha. Foi destruída uma grande área de pinhal e mato. Houve várias habitações em perigo e os bombeiros não conseguiram evitar que as chamas consumissem uma casa e um barracão.
No combate ao incêndio estiveram cinco corporações de bombeiros, grupos de sapadores, dois helicópteros e duas avionetas que foram depois mobilizadas para a Gardunha. No dia seguinte, sexta-feira, surgiram ainda alguns reincendimentos no Casal da Serra mas a situação foi de imediato controlada.