Laura Sequeira
NC/ Urbi et Orbi


A confecção de papas de carolo arrastou vários curiosos à vila

"É uma sobremesa muito apreciada aqui na zona", comenta Antónia Churro, enquanto se prepara para iniciar a confecção das papas de carolo. O Largo de Santo António, em Alcains, encheu, na última quinta feira, 15, para acolher a Festa das Papas, organizada pela Alma Azul, com a colaboração da Junta de Freguesia, da Câmara Municipal de Castelo Branco e da ARCA, Associação Recreativa e Cultural local.
A tradição remonta ao ano de 1640, quando a população prometeu oferecer uma festa em honra de S. Pedro, para que este afastasse uma praga de gafanhotos que invadiu os campos. Os rapazes e as raparigas íam recolher o milho ou o dinheiro para se dirigirem aos moinhos manuais e moerem o milho, que fica assim com o nome de carolo.
A receita das papas de carolo é simples: água a ferver, sal e carolo completam a primeira fase. Quando o carolo está cozido, deita-se leite e açucar, sem esquecer a casca de laranja.
Maria da Graça Mendes, cozinheira de serviço, benzeu-se antes de começar a fazer as papas porque "é uma tradição muito antiga", afirma. E explica que se benze "para as receitas saírem melhor".
A ideia desta festa surgiu quando a Alma Azul lançou, no ano passado, o número um da revista Alcains 2000. A sobremesa servida foram as papas de carolo, "porque é um doce característico", esclarece Elsa Ligeiro, responsável pela associação. "Este ano fizemos uma coisa mais elaborada, com mais caldeiras e com um programa só dirigido às papas", esclarece.
A festa contou com três caldeiras onde a iguaria foi confeccionada, dirigidos por mulheres que sabem o que fazem. A prova foi colectiva e especialmente dirigida aos imigrantes, que não têm tanto acesso a esta sobremesa. "As papas estavam muito boas", diz Maria da Graça, que vive em França e não quer deixar para trás esta tradição.
Joaquim Churro, que também provou o doce, conta que há algum tempo atrás o costume era "atirar dinheiro para dentro dos tabuleiros das papas" e o final da festa era com as pessoas a tentarem resgatar as moedas.
A festa teve papas para todos e tempo para um concurso de decoração. A música e a distribuição de flores também estiveram presentes na iniciativa. As flores são "um símbolo aglutinador de pessoas dentro de uma comunidade que participam na festa", faz notar Elsa Ribeiro.