Por Ana Maria Fonseca

Catherine e David são um jovem casal apaixonado em Lua de Mel. O cenário é a costa francesa e alguns locais de Espanha. Mas é em La Grau-du-Roi o principal pano de fundo da história passada nos anos 20 onde Catherine bebe, nada, come, bronzeia-se, cuida do cabelo, do corpo - e tem ciúmes da escrita do marido. Ele bebe, nada, come, bronzeia-se - e trabalha. É ela que está no comando das operações, ele está num abandono doce, absorvido por ela.
Um dia ela aparece com o cabelo cortado como um rapaz. E, na cama, quando fazem amor, ela é Peter, e ele é Catherine.
O casal parece viver no paraíso, imbuído no éden.
Até que Marita, nova e estranha aparece e o jogo começa. O casal acolhe Marita e apaixona-se por ela, e ela apaixona-se por ambos entrando num triângulo amoroso que acaba por excluir Catherine.
Um conto que David está a escrever, sobre uma caçada em África com o pai onde perseguem um elefante, leva-nos até à África Oriental e aos sentimentos para com o pai que o acompanha no safari e as emoções que lhe despertam as duas mulheres que o esperam à porta do quarto de hotel onde escreve.
Este romance póstumo foi publicado em 1986, um quarto de século depois do suicídio do escritor.
La Grau-du-Roi foi onde Hemingway passou a lua-de-mel com a segunda mulher. O pormenor é relevante quando se sabe que a matéria usada para a obra foi muito mais a sua vida do que a imaginação.