Por Ana Maria Fonseca


Paulo Osório, docente do Departamento de Letras, adiantou uma nova data para o início do português moderno

A tese "Reflexões metalinguísticas sobre a sintaxe do português e a dimensão histórica de fenómenos sintácticos do português arcaico médio", orientada pelo professor Malaca Casteleiro é, segundo o agora doutorado Paulo Osório, um "estudo linguístico do português medieval, onde tento refutar as divisões cronológicas dos vários períodos da língua que têm sido efectuadas".
A sua investigação concluiu que o português moderno tem inicio 80 anos antes da data que tem sido prevista. Normalmente, a data apontada pelos linguistas para o início do português moderno é 1536. Paulo Osório, na sua tese, diz que o termo do português arcaico médio é 1450, ou seja, que a partir daí começa o português moderno.
"Foi uma tese inovadora em que utilizei muitas ferramentas e estratégias não muito habituais em linguística, inclusive um programa informático que concebi", refere. Um programa informático de análise textual, que desenvolveu em colaboração com alguns programadores informáticos.
A investigação partiu da consulta de muitos textos da época, literários e não literários, informatizados, e cedidos pela Universidade Nova de Lisboa.
"Entretanto, analisei sobretudo dois fenómenos sintácticos do português e que dizem respeito ao estudo do verbo. Foi o verbo ter e haver em estruturas de posse e a substituição do condicional pelo imperfeito em português medieval", explica.
Foi a partir desse ponto que concluiu e definiu uma nova proposta de periodização da língua, baseando-se n os períodos de visão da história do português e baseando-se naqueles fenómenos.
Malaca Casteleiro que além de orientador também arguiu a tese referiu que este seria "um dado interessante para um novo dicionário que a Academia das Ciências quer empreender que é o dicionário do português medieval".
Agora, o primeiro grande objectivo será a publicação da tese de cerca de 400 páginas e, também, conseguir aplicar o programa que desenvolveu uma vez que, acredita, "vai ser um programa útil para a comunidade científica".
Licenciado em clássicas, português, latim, grego, pela Faculdade de Letras da Universidade Católica portuguesa, tirou o mestrado em Linguística Portuguesa na Faculdade de Letras de Coimbra. Na UBI lecciona há três anos no Departamento de Letras.