Festival de Teatro da Covilhã
Silêncio ensurdecedor

Um cenário de guerra contraposto com um ambiente silencioso
convidam à reflexão sobre o mundo actual

Por Carlos Gonçalves e João Oliveira


“Coros para depois dos assassinatos” foi a peça trazida a cena pela companhia de Teatro Art’Imagem, no dia 29 de Outubro, no Teatro das Beiras. Um texto de Edward Bond encenado por Paulo Castro, que narra o rapto de uma jovem, filha de um operário de uma fábrica de armamento, por parte de um soldado, para assim protestar contra o fabrico e troca de armas.
O complexo universo militar e a globalização são a temática principal de uma representação com uma forte carga emotiva, onde as palavras foram durante a maior parte do tempo substituídas pela expressão corporal, para causar no espectador uma sensação de abandono e convidá-lo à reflexão.
Reflectir é mesmo, segundo o protagonista Pedro Carvalho, um dos principais objectivos da peça. “As pessoas precisam de parar para pensar na temática bélica, já que os países mantêm a forte corrida ao armamento, enquanto continua a haver muita fome no mundo”. Manter activo e independente o espírito crítico é outra das mensagens transmitidas ao longo da actuação, ideia confirmada pelo actor: “temos que falar da globalização e reflectir sobre ela para não sermos uma maioria silenciosa”.