João Alves
NC/Urbi et Orbi


O lince ibérico é uma espécie que pode estar ameaçada

"Não se conseguiu encontrar nenhum, mas isso não quer dizer que não os haja". É esta a reacção do director da Reserva da Malcata, Pedro Sarmento, ao estudo realizado por técnicos portugueses e espanhóis, que encontrou entre 150 a 200 linces ibéricos em Espanha e em Portugal, nenhum.
O documento foi apresentado na passada semana em Andújar, Espanha, e os números foram acolhidos com alguma reserva. Porém, Pedro Sarmento, que também levou a cabo o estudo, explica que o mesmo envolveu 46 pessoas em Portugal e que o que se pretendeu foi "definir zonas alvos de prospecção e habitats potenciais do lince". Foi objecto de estudo uma grande área de terreno e foram utilizadas máquinas fotográficas para registar excrementos dos animais, que assim dariam a certeza de existirem em determinado sítio. Este trabalho foi levado a cabo durante três meses, de Janeiro a Março, e intensificado até Julho. Numa terceira fase, até Setembro, a zona de estudo foi alargada e no final iria chegar-se à conclusão que "só existiam duas populações, em Espanha. Uma em Toñana, com 24 bichos, e outra em Andújar, na Serra Morena, onde foram fotografados cerca de 80 animais. Estimava-se, por isso, que existissem cerca de 200 nestas zonas da Andaluzia" explica Pedro Sarmento. Já em Portugal, há vários anos que nenhum biólogo avista qualquer lince e neste estudo, também não se viram. Por isso, "vamos continuar, não se vai desistir". Porém, o facto de não ter sido encontrado qualquer animal "é muito preocupante". Pedro Sarmento considera, por isso, que é necessário apostar na reprodução em cativeiro e que este estudo vem provar que "as políticas de reintrodução do lince não está a resultar".
Porém, o vice-presidente do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), Rui Correia, em declarações à agência Lusa, recusa a ideia que o lince esteja extinto em Portugal, pois salienta as limitações do estudo realizado, porque se baseia em fotos e recuperação de dejectos. O ICN irá agora levar por diante um plano de acção para o lince, em que as apostas são a Serra da Malcata e o Vale Guadiana, locais onde existiam vários exemplares deste animal. O ICN aposta na melhoria do habitat do lince, sobretudo recuperando populações de coelho bravo, o seu principal alimento, e também na reprodução em cativeiro. O lince, recorde-se, a nível mundial, é um dos animais mais ameaçado pela extinção.