João Alves
NC/Urbi et Orbi


Enquanto a Covilhã não tem uma Unidade de Hemodiálise, os doentes renais têm que ser tratados em Abrantes

A Covilhã vai ter, em Maio de 2004, uma Unidade de Hemodiálise. Pelo menos, é esta a garantia deixada pelo nefrologista Ernesto Rocha, responsável por este projecto, que acredita que a Unidade covilhanense estará pronta "antes dos estádios do Euro 2004".
Recorde-se que a ideia da Covilhã vir a ter uma estrutura que trate estes doentes foi levantada em Junho de 2001 pelo autarca Carlos Pinto, que salientava que este projecto iria resolver o problema, não só dos covilhanenses ou albicastrenses, mas também haveria a possibilidade da Unidade receber pessoas de outros distritos.
A Beira Interior é uma das zonas do País com mais doentes deste género, mas a instalação desta estrutura sempre esteve bastante limitada pelo Ministério da Saúde que não dava aval positivo ao projecto. Porém, Ernesto Rocha, da multinacional alemã que vai avançar com a obra, sempre se mostrou interessado em investir nesta valência, pois "as unidades da Guarda e Castelo Branco estão pelas costuras". Neste momento, Ernesto Rocha garante que as obras já estão a avançar, sobretudo com terraplanagens junto do Centro Hospitalar da Cova da Beira, na Covilhã, embora devido ao mau tempo, houvesse necessidade de se parar por uns tempos. O médico reafirma que esta obra interessa a toda a gente, " e muito à Câmara", pois a cidade serrana tem, em conjunto com o Fundão, cerca de 63 doentes que necessitam de cuidados nesta área. Até ao momento, os tratamentos têm sido efectuados na Guarda, só que também nesta cidade "são precisas instalações novas, senão não temos capacidade de resposta" explica Ernesto Rocha. E por causa disso, alguns doentes da Covilhã "terão que ir para Abrantes, o que é uma chatice" explica o nefrologista, que ainda assim pretende evitar esta deslocação tentando ampliar a actual unidade na cidade guardense. "São trezentos quilómetros sempre que vão fazer tratamento. É intolerável" afirma Ernesto Rocha, que assegura que se tudo dependesse da sua vontade, " a Covilhã já tinha hemodiálise há muito tempo. Mas há sempre as burocracias".

Capacidade para 120 utentes

O investimento previsto para a Unidade de Hemodiálise da Covilhã é de um milhão e meio de euros. Porém, segundo Ernesto Rocha, apenas a empresa que representa irá aplicar dinheiro, já que o Ministério da Saúde não irá dar um tostão. sem qualquer apoio do Ministério da Saúde. "É comparticipado por mim e pelos bancos.O Ministério não apoia privados" explica o nefrologista, que tem sob a sua responsabilidade cerca de 180 doentes renais na Beira Interior.
A nova Unidade, em termos físicos, será uma estrutura "à americana", e por isso, será construída rapidamente. "É tudo feito com vigas de ferro, não há betão. Tirando o sistema informático e outros pequenos pormenores, a montagem é bastante rápida" assegura Ernesto Rocha. O projecto já está feito, o terreno para instalação também já existe e assim, em 2004, irá surgir na cidade serrana uma infra-estrutura que poderá servir cerca de 120 doentes.
"Vai abrir com 20 postos. Mas como há dificuldade para ter médicos, só vai funcionar à tarde e à noite" salienta o responsável pelo projecto, Ernesto Rocha.