Fernanda Proença, presidente da direcção, também "bateu com a porta"
Eleições na Adega Cooperativa marcadas para o dia 20
Fernanda Proença acusada de "má gestão"


Os sócios da Adega da Covilhã querem novos corpos dirigentes. A vontade ficou expressa na Assembleia Geral de segunda-feira. Fernanda Proença, acusada de "má gestão", também se demitiu.



Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


A Adega Cooperativa da Covilhã vai a votos, já no próximo dia 20 deste mês. Foi esta a principal conclusão a que os sócios chegaram, no final da Assembleia Geral Extraordinária de segunda-feira, 2. A Direcção caiu na totalidade nessa noite, com a presidente a demitir-se do cargo. Fernanda Proença seguiu o caminho de Carlos Barradas, Manuel Brancal, António Bidarra e Laurindo Matos, os outros directores, que "bateram com a porta" há já algumas semanas. Segundo o presidente da Assembleia Geral (AG), Manuel da Silva Raposo, os sócios presentes na reunião, decidiram, por unanimidade, convocar eleições, já que houve a total recusa por parte dos suplentes em substituir a Direcção. Os interessados tiveram até ontem, dia 9, para apresentar listas candidatas aos órgãos da Cooperativa. A entrada só foi permitida aos sócios devidamente identificados como tal. Segundo a Adega, foram 186 os sócios que estiveram presentes na Assembleia Geral Extraordinária, de um universo de perto de mil e 500.
Manuel da Silva Raposo esclarece que a "Adega continua em gestão" e que "esta foi a melhor solução, uma vez que não houve acordo", frisando que "os directores demissionários continuam a gerir a casa". E prossegue: "Os membros da Direcção apresentaram os motivos porque se demitiram". Recorde-se que esses motivos se prendem com "interpretações diferentes dos critérios de gestão". Aquele responsável, no entanto, sublinha o facto de que "no seu conjunto, a Direcção actuou bem". "Tem amortizado algumas dívidas", acrescenta.
A "crise" que atravessa a Cooperativa covilhanense não é bem encarada pelos sócios e o descontamento era visível. Rosa Félix, sócia há 23 anos da Adega, mostra-se muito crítica quanto a toda esta situação. "Para este cargo é necessário alguém que tenha bons alicerces e que perceba de vitivinicultura, de modo a poder dar um bom rumo à instituição", defende a sócia de Caria, acusando a presidente demissionária de "má gestora". Porém, o "mal-estar" entre os sócios não se fica por aqui. A colheita do ano passado ainda não foi paga e a de 2000 foi "uma razia". "Como é que é possível fazerem a apologia para plantarmos novas vinhas quando ainda nem sequer pagaram a colheita de 2001?", questiona um dos sócios, que não se quis identificar, enquanto esperava para entrar na Assembleia Geral. A juntar a tudo isto e no que concerne ao armazenamento do vinho em stock, a Adega da Covilhã já esgotou essa capacidade. Esse vinho está a ser canalizado para a hómologa de Pinhel.