No Centro Hospitalar, este exame é olhado com normalidade
Centro Hospitalar Cova da Beira
Profissionais de saúde não receiam ser "examinados"

Os profissionais de saúde do Centro Hospitalar da Cova da Beira vão ser avaliados. Os "examinadores" serão os gestores. O objectivo, que faz parte da nova lei de gestão hospitalar, é remunerar melhor quem trabalha mais.


Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


Os médicos, enfermeiros, técnicos, administrativos e auxiliares vão ser avaliados. Todos terão que passar pelo "crivo" da direcção de serviço e das administrações. E os profissionais do Centro Hospitalar Cova da Beira S. A. (CHCB) não escapam a este "exame". Basicamente, a medida, que faz parte da nova lei de gestão hospitalar, consiste em remunerar mais e melhor quem produz.
No caso dos médicos, enfermeiros e paramédicos, a avaliação não será a do acto praticado, mas a do número de consultas realizadas, cirurgias e exames. É esta a "fórmula" do conceito de produtividade. Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Aministração do CHCB, não vê qualquer inconveniente nesta medida até porque é algo que já acontece actualmente. "Aqui não há novidade nenhuma. O que será novo é a questão de ser a gestão a avaliar aquilo que está a ser produzido pelos diversos elementos que fazem parte do grupo", explica, assegurando que a "a gestão não se vai meter na avaliação da qualidade do acto que o médico, enfermeiro ou outro técnico realiza". Segundo o responsável máximo pela Administração do Centro Hospitalar, a gestão terá que dispôr de mecanismos próprios e adequados para proceder a esse "exame". O médico salienta, no entanto, que, e apesar da filosofia de fundo já estar mais ou menos estabelecida, "isto tem que ser feito com bastante cautela, já que o que se quer é que as coisas funcionem melhor".
Para o enfermeiro-chefe da unidade hospitalar da Covilhã, Mendes Paulo, esta avaliação não constituiu qualquer "incómodo". "Estamos a ser constantemente avaliados. Essa é uma postura que já existe", esclarece o profissional de saúde. Quanto à "nova" medida, Mendes Paulo é categórico: "Só pode avaliar determinadas áreas quem conhece. Não é qualquer pessoa que pode examinar".
Também Orminda Sucena, chefe da secção de pessoal do Centro Hospitalar Cova da Beira, concorda com esta avaliação, "indispensável para haver uma boa qualidade dos serviços prestados aos utentes". A instituição vai sofrer um redimensionamento dos serviços, os quais serão divididos em departamentos, divisões ou direcções. "Esses serviços terão um director e uma equipa. Os gestores avaliarão o trabalho desse director", informa Orminda Sucena. De facto, nem os directores de serviço e os conselhos de administração escapam a este princípio. Uns e outros serão "examinados". Se os objectivos não forem cumpridos, estes podem vir a ser substituídos.

Bolsa de incentivos para os melhores funcionários

Do pacote de medidas que o Ministério da Saúde quer aplicar, destaque para a bolsa de incentivos que cada hospital terá para dar aos melhores funcionários. Cada unidade de saúde disporá de uma verba própria para essa bolsa, definida segundo a sua produtividade. Algo que Miguel Castelo Branco vê com bons olhos. "Ainda que esteja por regulamentar, a ideia é que haja um incentivo financeiro como aliciante para que as pessoas trabalhem mais, mas sem perder de vista a qualidade", salienta. E prossegue: "Actualmente, o sistema de remunerações da função pública, onde os médicos e enfermeiros estão envolvidos, não premeia o trabalho nem o investimento que as pessoas fazem".
A bolsa de incentivos é igualmente aceite de bom grado pela chefe de pessoal. É que, diz Orminda Sucena, "as informações e classificações de serviço não fazem a diferenciação daquele funcionário que trabalha do que não trabalha. E ganham o mesmo". Aquela responsável defende que esta medida é "muitíssimo" importante, já que vem premiar quem trabalha e se esforça.
Os critérios desta avaliação já estão a ser trabalhados por uma empresa privada de consultoria contratada pelo Minsitério da Saúde. E devem estar prontos até final do primeiro trimestre do ano para serem aprovados por diploma e aplicados ainda antes do fim de 2003.