Segundo Luís Garra, a crise económica não tem afectado apenas os têxteis
União de Sindicatos alerta
Situação económica e social do distrito é dramática

Desde 2001 foram "destruídos" mais de dois mil postos de trabalho. A denúncia é da União de Sindicatos que alerta para o panorama "dramático" que assola o distrito. O Plano de Emergência para a região é uma necessidade urgente.


Carla Loureiro
NC/Urbi et Orbi


De Agosto de 2001 até à data já encerraram 19 empresas e "destruíram-se" cerca de dois mil e 200 postos de trabalho. No início de Janeiro pelo menos mil e 900 trabalhadores não receberam pontualmente o salário de Dezembro ou a totalidade do 13º mês, significando um débito de perto de um milhão e 200 mil euros. Mas juntando as empresas encerradas desde 2001, são mil 150 os trabalhadores a quem é devido mais de cinco milhões e 400 mil euros.
São estes alguns dos dados sobre a situação económica e social no distrito de Castelo Branco e denunciados pela União de Sindicatos. A estrutura sindical prevê que o panorama "piore nos próximos tempos", a julgar pela diminuição do número de postos de trabalho nas empresas e pelo risco de virem a encerrar.
O cenário traçado pela União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB) baseia-se no elevado número de trabalhadores que perderam os seus postos de trabalho. Das 17 unidades fabris dos sectores de lanifícios e confecções que encerraram ou se encontram paralizadas, o maior número situa-se na Covilhã (12). Em consequência disso, o concelho covilhanense perdeu 623 postos de trabalho. Já Belmonte, Fundão, Zona do Pinhal e Castelo Branco viram desaparecer 590, 530, 234 e 235, respectivamente.
Porém, o problema não atinge somente a área do têxtil. De acordo com um comunicado da USCB, rubricado pelo seu coordenador, Luís Garra, "o sector dos aglomerados de madeira desapareceu e dá o exemplo da Sotima, em Proença-a-Nova, que está paralizada porque os seus 234 empregados "se viram forçados a suspender os contratos de trabalho ao abrigo da lei dos salários em atraso". As dificuldades afectam também o comércio, em especial o tradicional, "de novo violentamente atingido pela insegurança no emprego - há ameaças concretas de despedimento e encerramentos - e pela carência de meios de subsistência de muitas famílias".
Do número significativo de empresas que reduziu o seu número de trabalhadores, salientam-se a Nova Penteação, na Covilhã, que de 770 passou para 530 trabalhadores, enquanto que a Carveste, em Caria, deixou de ter os 640 passando para 400 empregados.

"Distrito não se desenvolve a pagar subsídios de desemprego"

As preocupações e constatações da União de Sindicatos prosseguem. Uma vez mais a estrutura sindical reitera a ideia de que o distrito "desenvolve-se com empresas e trabalhadores a produzir e a criar riqueza" e não "a pagar subsídios de desemprego para as pessoas ficarem em casa". Por isso, o organismo exige um Plano de Emergência que "defenda e revitalize o aparelho produtivo e os postos de trabalho existentes", bem como "formação para o emprego", porque "para entreter já temos quanto baste".
As baterias são também apontadas ao Governo, já que é um "crime que este continue cego, surdo e mudo quanto à necessidade de medidas de carácter económico que travem o encerramento de empresas".
A USCB reforça ainda a ideia de que "é preciso saber o que é a crise real e a crise inventada". E denuncia que "à boleia da crise engorda muita gente sem escrúpulos e há muitos que só pensam em lucros, pois apesar das suas empresas terem beneficiado dos dinheiros do Estado e União Europeia, serem altamente modernas, produtivas e lucrativas, procuram por todos os meios perpetuar os salários miseráveis e o incumprimento dos direitos dos trabalhadores".


Processos de falência com juíz auxiliar


A resolução dos processos de falência pode vir a desenrolar-se com mais rapidez. Isto porque, avança Luís Garra, "há o indicador de que o acelaramento desta situação pode ser dado através de um juíz auxiliar". A notícia surge depois da reunião entre o dirigente sindical e o juíz do 3º Juízo do Tribunal da Covilhã, na segunda feira, 20.
Referindo-se ao encontro como "positivo", Garra salienta ainda que lhe foi dito que os "processos iríam ter um desenvolvimento rápido, com carácter de urgência". Quanto a datas, nada foi apontado. Mas o sindicalista lembra que se até final de Março a resolução desses processos não se verificar, os trabalhadores afectados vão montar acampamento às portas do Tribunal.