Luís Baptista-Martins*

Tempos difíceis


O mundo da comunicação sofreu uma enorme metamorfose nos últimos anos. O exponencial crescimento de utilizadores de Internet veio determinar uma nova vaga no acesso à informação.
É neste contexto que foram aparecendo portais e sítios de diferentes características que nos permitem estar em contacto e a receber informação à escala global sem sair de casa.
Acompanhando este cenário de grandes mutações, a comunicação social entrou de forma gradual na Internet. No final dos anos 90 muitos foram os jornais e rádios a entrar na rede. Foi também nesse período que em Portugal aparecem as primeiras edições on-line. Rapidamente a comunicação social regional concluiu da necessidade de acompanhar estas mutações e, imediatamente, os principais órgãos passaram a ter as suas edições on-line.
Se a nível nacional foi possível ver aparecer jornais com conteúdos exclusivamente na Internet - como o Diário Digital - a acompanhar os jornais de maior dimensão - O Público ou o Expresso, por exemplo - na nossa região assistimos ao aparecimento dos primeiros jornais regionais digitais. O Terras da Beira e o Nova Guarda são os primeiros exemplos de como na região houve, desde logo, a percepção da importância da Internet para os jornais locais.
Outro jornal que, pouco depois, disponibilizou os seus conteúdos em on-line foi O Interior. Este jornal, o projecto jornalístico mais recente na região e de que sou fundador e director, aparece a 14 de Janeiro de 2000 com uma particularidade: a edição on-line nasce em simultâneo com a edição em papel. É o primeiro jornal em Portugal que nasce com dois suportes em simultâneo. Ao decidirmos avançar, desde o primeiro momento, com dois suportes estamos, obviamente, a apostar em potencializar ao máximo o universo de leitores do jornal. A confirmar a valência do suporte on-line está o número de leitores que, em diferentes partes do mundo, desde o início "entram" no www.ointerior.pt. Outros órgãos de informação da região têm vindo a "entrar" na Internet e hoje é fácil encontrarmos os principais jornais e rádios na rede.
Convém observar que o ambiente à volta da Internet é actualmente bem diferente daquele que se observava em 2000. O crescimento actual de leitores de conteúdos digitais é negativo e muito difuso. Os investimentos feitos em edições on-line não foram amortizados e, como consequência, assiste-se a um claro desinvestimento. As receitas dos jornais na Internet diminuíram no último ano e a tendência mantém-se. Algumas edições on-line exigem agora pagamento ao utilizador, nomeadamente só disponibilizando os conteúdos a assinantes, como acontece com a edição do Jornal do Fundão. Esta solução deverá ser a mais adoptada no futuro, sem receitas estas edições não poderão sobreviver.
Outra edição on-line de conteúdos informativo que apareceu em 2000 foi esta. O Urbi et Orbi tem, nomeadamente, o grande mérito de ser editado por pessoas ligadas à academia, em especial por alunos de comunicação. A Todos parabéns.


*Director do jornal O Interior