Miguel Nascimento*

A força da palavra


A Covilhã tem uma longa tradição de imprensa. Foram muitas as publicações que desde há décadas nasceram na Covilhã. Muitas ficaram pelo caminho. Outras sobreviveram. A palavra em papel de jornal foi, desde sempre, motivo de culto nesta cidade de fábricas. A tradição operária, com as suas lutas sociais os seus anseios e expectativas, sempre encontrou na força da palavra um aliado de peso. Neste sentido, podemos dizer que a Covilhã e a imprensa têm uma relação umbilical. Ambas sobreviveram a crises económicas, sociais e políticas. A imprensa resistiu ao pior dos seus inimigos: a censura! Hoje, todos reconhecem o seu poder. Têm até medo dele! Mas também todos reconhecem o seu papel na defesa intransigente dos interesses locais e regionais. Todos reconhecem a imprensa como espaço de liberdade e como palco do exercício de uma verdadeira cidadania. Na actualidade a imprensa é também um palco social. Os profissionais que nela trabalham estão sujeitos a uma pressão enorme. São procurados para o exercício da notícia … quantas vezes para servirem de ponte ao protagonismo e à vaidade pessoal. Porém, a pressão aumenta quando a notícia não agrada. Muitos procuram dissimular os seus efeitos negativos. A notícia e os jornalistas são então amados e odiados. Por isso esta é uma área tão interessante, difícil e estimulante. Na ordem do dia está o eterno debate entre o espaço público e o espaço privado. A nível regional a imprensa assume, para além dos seus deveres deontológicos, o papel de "combustível" que alimenta a "máquina do desenvolvimento regional". Ainda na semana passada assinalámos os 90 anos do "Notícias da Covilhã". Agora, nesta edição comemoramos outro aniversário: o vosso! Por isso, os meus sinceros parabéns. São apenas três anos. Mas são também três anos de um percurso extraordinário. Há três anos seria talvez impensável que um jornal "On-line" tivesse a importância que actualmente tem. E terá cada vez mais! A informação é, mais do que nunca, poder. O tempo é de globalização, rapidez, eficiência e eficácia. Neste sentido, o Urbi et Orbi marca uma grande diferença no panorama informativo. Na aldeia mais isolada da região … ou do mundo é possível termos acesso à informação que este jornal produz. São estabelecidas novas pontes. São desenhadas novas auto-estradas (de preferência sem portagens). A comunicação assume, neste contexto, uma dimensão fantástica. É aliciante. Por isso, considero que a edição deste jornal "on-line" é uma conquista muito importante para a nossa região. Todas estas edições provaram que é possível, como escreveu o Professor António Fidalgo na edição número zero " matar dois coelhos com uma só cajadada". Neste momento, e depois de uma aventura de três anos, quero apenas reforçar a importância de um jornal desta natureza para o "desenvolvimento de competências jornalísticas" dos alunos do Curso de Ciências da Comunicação ministrado na UBI. Porém, espero que os alunos deste curso possam acrescentar algo mais a este projecto. Espero que possam, como sempre, desenvolver, em tempo de grandes tecnologias, uma perspectiva humanista, uma cultura dos afectos. Apesar do formato "On-line" este é um jornal de grande proximidade. De proximidade afectiva. Neste quadro, desejo uma longa vida ao Urbi et Orbi para que possa continuar a converter em "local o que é universal e de fazer chegar o universal ao local".


*Vereador na Câmara Municipal da Covilhã