Por Carlos Borges


Ilda Figueiredo considera que o Governo deve reivindicar junto da União Europeia

A visita iniciou-se no dia 27 com uma sessão pública subordinada ao tema "O futuro dos lanifícios e confecções da Beira Interior numa Europa alargada", que decorreu no centro de trabalho do PCP na Covilhã. Neste encontro foram prestadas várias informações relativas aos acordos comerciais e à liberalização do sector têxtil e do vestuário a nível da União Europeia.
O segundo dia da visita da deputada europeia à região foi preenchido com visitas às três fábricas - AVRI, ALÇADA & PEREIRA, na Covilhã e PENTEADORA em Unhais da Serra.
No final da visita, Ilda Figueiredo falou com os jornalistas numa conferência de imprensa onde considerou a situação da indústria têxtil e do vestuário preocupante sobretudo no que diz respeito às empresas com carteiras de encomendas dependentes do mercado interno. Mas, salientou, também que há outras empresas que enfrentam grandes dificuldades por erros de gestão que foram praticados ao longo dos anos. Ainda assim, segundo a parlamentar europeia "é de destacar a capacidade produtiva dos nossos trabalhadores e de algumas empresas que conseguiram apostar em novos modelos de gestão e de produção, colocando a empresa numa posição sólida junto da União Europeia. Apesar da qualidade de produção, há ainda empresas que não têm capacidade de autonomia e de independência que lhes permita suportar uma situação de crise ou de instabilidade económico-financeira", sublinha Ilda Figueiredo para quem o responsável por esta situação é o Governo que "em vez de impulsionar o investimento e apoiar as empresas e a produção apostou no corte de investimento. Isto originou uma retracção no consumo e naturalmente com reflexo na produção de pequenas e médias empresas que produzem fundamentalmente para o mercado interno".
Ilda Figueiredo considera que é preciso uma maior intervenção do Governo junto da União Europeia nas negociações de matérias tão importantes como o alargamento da União para mais dez novos países ou a liberalização do comércio internacional no âmbito da Organização Mundial do Comercio (OMC). "Os sectores produtivos portugueses correm sérios riscos se o Governo não tomar posições firmes nas negociações que vão decorrer em Setembro na União Europeia", alerta a deputada para quem "o desenvolvimento desta região exige que o Governo tenha uma maior capacidade reivindicativa junto da União Europeia".

"Multinacionais devem ter regras mais apertadas"

Ilda Figueiredo chamou atenção para a sua interpelação feita à Comissão Europeia em Julho de 2002 na qual refere que "esses acordos visam a estratégia de antecipação da liberalização do comércio dos produtos têxteis e do vestuário que põem em causa o cumprimento do Acordo Têxtil e Vestuário (ATV)" Num projecto de resolução apresentado em 12 de Fevereiro ao Parlamento Europeu, a deputada alerta para a necessidade de "um plano de acção para apoiar os esforços de modernização do sector, que passa pela manutenção de uma fileira produtiva coesa e eficiente, reforçando também os apoios às pequenas e medias empresas, à investigação e à formação profissional". Solicita ainda a União Europeia, para que tome medidas com regras mais apertadas em relação às multinacionais de forma a evitar situações difíceis por que passa o país e esta região.
Durante a conferência de imprensa, Figueiredo falou também da sua recente visita ao Iraque e defende que a guerra terá consequências nefastas para a economia mundial. "Mesmo aqui na região, nos contactos efectuados com as empresas, percebe-se que há uma certa situação de instabilidade e de preocupação com o futuro que se está a reflectir na própria indústria". A deputada considera, "fundamental que se evite a guerra para garantir a paz e se possível o desenvolvimento".
Sublinha ainda, que "o problema é muito sério não só para os iraquianos mas também para a União Europeia. A guerra iria causar uma grande tragédia humanitária. Por isso o nosso empenhamento é todos contra esta guerra na defesa de um povo e não na defesa de um regime", explica a eurodeputada que integra a delegação dos 30 deputados que no dia 9 parte para os EUA para um contacto com a ONU.