O deputado considera que existem alternativas à guerra
Deputado do Bloco de Esquerda na Covilhã
A certeza do ataque

Poucas horas antes do início da guerra, Francisco Louçã, (Bloco de Esquerda) estava certo de que a guerra no Iraque começaria pouco depois da hora limite fixada pelo presidente norte-americano George Bush. Tinha razão.


Por Elizabete Cardoso



Um dia antes do início da intervenção dos aliados no Iraque, Francisco Louçã esteve na Covilhã e fez algumas reflexões sobre a guerra.
Com uma hora de atraso e cerca de 30 pessoas na sala, o debate começou com uma chamada de atenção para o facto de Collin Powel ter divulgado, no dia anterior, uma declaração segundo a qual os Estados Unidos não estão sozinhos a fazer a guerra. Segundo Powell, os EUA têm o apoio de 45 países dos quais 30 dão o nome e 15 são anónimos. Referindo-se à intervenção de Durão Barroso no Parlamento, Francisco Louçã questionou o facto de Portugal não estar na lista dos 30 países, colocando a hipótese de termos sido esquecidos, apesar a cedência da Base das Lajes para a Cimeira Atlântica..
Convicto de que as notícias da madrugada de quinta feira seriam bem diferentes das que rondavam a opinião pública até essa altura, Francisco Louçã não hesitou em afirmar que "provavelmente a partir da 1hora da manhã a guerra começará". Não se enganou, pois os ataques tiveram inicio por volta das 2 horas da manhã, altura em que o deputado do Bloco de Esquerda teve oportunidade de expressar a sua indignação em directo da Universidade da Beira Interior (UBI ) para a SIC.
Ao assumir a defesa da guerra contra o Iraque, Bush e Blair justificam-se dizendo que o que está em causa é o mundo do século XXI e que o ataque ao Iraque faz parte da segurança nacional dos Estados Unidos porque o Iraque " pode ter armas de destruição massiva e nucleares". Louçã criticou esta posição e chamou a atenção para o facto de os Estados Unidos serem dos poucos países que recusaram o Tratado Internacional de Proibição de Armas Biológicas: "o que me choca é esta lógica de uma guerra infinita que nunca acaba, porque a seguir virão outros países", referiu o deputado do Bloco de Esquerda.

Opinião pública

Segundo Francisco Louça, a guerra não só é ilegítima, como defende Jorge Sampaio, "mas ilegal". Do seu ponto de vista, "Durão Barroso é um fora da lei e é por isso que temos que nos unir contra esta guerra".
O representante do Bloco de Esquerda mostrou acreditar que a guerra "ainda poderia ser impedida" e incentivou os alunos presentes na sala a uma greve. "Espero que haja uma greve em todas as universidades portuguesas" para que os governantes se sintam pressionados e tenham de responder perante a opinião pública.
Nuno Gomes, um dos alunos da UBI presentes nesta conferência, defende que é necessário tomar uma posição pois "a guerra é uma decisão extremista". Estão em causa vidas de pessoas que já estão a sofrer com um estado de ditadura, para ajudá-las a sair desse estado a melhor solução não será certamente a guerra, por isso deveria procurar-se outra alternativa.
No final da sua exposição Louçã mostrou-se receptivo a possíveis questões e as poucas pessoas que constituíam a audiência mostraram-se participativas.