Por Teresa Batista


Desmistificar a morte é o tema central do espectáculo

No âmbito do VII Ciclo de Teatro da Beira Interior, dia 22 de Março subiu ao palco do Teatro Cine mais uma peça teatral. Representada pelo Teatro Experimental de Medicina de Lisboa, a peça "Birra do Morto" teve como principal objectivo desmistificar a morte.
Num espectáculo onde o público funcionou como personagem, assistiu-se a um velório quase real. César Alagoa, o encenador, afirmou que "devido ao conteúdo de grande intimidade da peça" resolveu fazê-la "em arena, como se de um velório real se tratasse".
O público sentou-se à volta do palco, inicialmente apreensivo perante o cenário. À medida que a peça foi evoluindo as pessoas acabaram por se envolver na "cerimónia fúnebre". Lucília Campos, espectadora, sublinhou que neste espectáculo se sentiu "uma personagem". Susana acrescentou que "o grupo deu muito bem a volta ao tema, pois apesar de não achar piada ao humor negro", aquela espectadora conseguiu rir.
A "Birra do Morto", de Vicente Sanches, dramatiza a história de um morto que recusa ser enterrado. Perante tal facto, os vivos que se encontram à sua volta demonstram a sua incompreensão face à atitude do morto e persistem na convicção de que "um morto, mesmo que esteja vivo, tem de ser enterrado".
Esta peça assume-se como uma metáfora da necrofobia, espelhando as aflições e os medos dos próprios espectadores que assistem à argumentação do defunto.
O palco do Teatro Cine esteve cheio, o que deixou os actores satisfeitos com o seu trabalho. A actriz Ana Rita Vicente sublinhou que o facto do público "reagir bem ao espectáculo é um estímulo para qualquer actor".