Bruno Cochat e Filipa Francisco são os únicos actores da peça
"Nu Meio"
Escárnio e maldizer

Música, dança, teatro e ironia souberam a pouco em mais uma noite do Ciclo de Teatro Universitário.


Por Elizabete Cardoso


Foi perante uma plateia atenta e curiosa, que a peça " Nu Meio"subiu o palco do Teatro Cine na passada quarta feira, 26.
Apenas com duas personagens, a peça já percorre o País há cerca de sete anos. Filipa Francisco e Bruno Cochat enchem o palco numa peça cheia de movimento. O espectáculo, marcado pela dança contemporânea, ironiza a relação de um casal tipicamente português que se refugia no fado e no maldizer. O homem marca o território no meio do palco de onde as duas personagens não podem sair. A mulher tenta obsessivamente trepar agarrar e sufocar esse homem que constantemente se ergue na sua frente. O diálogo entre as personagens é como uma telenovela, cheio de lugares comuns, de palavras que explicam encontros e desencontros de risos estridentes e de cantos de Igreja transformados em algo parecido com ópera.
A dança é sempre igual, o texto muda consoante a região "ontem perguntámos acerca de escândalos da Covilhã para podermos ironizar na peça de hoje" explica Filipa, que além de figurino é também coreógrafa e encenadora desta peça.
Um espectáculo feito para qualquer tipo de público e qualquer idade conseguiu levar ao rubro toda a plateia, que não queria acreditar que ao fim de 15 minutos a peça já tinha terminado. "É um género de espectáculo pouco visto e os actores conseguiram colocar toda a plateia a rir. Não percebo porque é que durou tão pouco tempo" reclama Rita Torres, aluna da UBI.
Depois do espectáculo, realizou-se uma pequena Tertúlia, onde Filipa e Bruno explicaram que a peça é constituída por uma outra parte que é colocar as pessoas da assistência a participar. Mas no Teatro Cine isso não é possível devido ao espaço que separa o palco do público.
Uma forma diferente de se apresentarem ao público pensada e conseguida há dez anos atrás na Cultural Gest, durante as comemorações do Dia Mundial da Dança. Trata-se de uma peça que costuma estar inserida num ciclo de espectáculos, "mas agora torna-se muito difícil fazer este tipo de coisas pelo facto de as câmaras municipais estarem a deixar de dar apoios ao teatro", refere Filipa Francisco.