Segurança dá vida
Acidentes de trabalho matam

Basta escrever "acidentes de trabalho" num motor de pesquisa da Internet para que aos nossos olhos surjam frases como estas:
"Nos últimos 62 quilómetros da auto estrada para o Algarve morreu, em média, um trabalhador por cada 4,5 quilómetros de auto estrada construída. Só no último dia de construção dessa auto estrada morreram dois trabalhadores".


Por Luís Alberto


Os números são alarmantes. No ano de 2000 registaram-se, a nível nacional, 287 acidentes de trabalho mortais. Em 2001, ocorreram 280 acidentes de trabalho mortais e em 2002 (números ainda provisórios), já estão contabilizados 195 acidentes de trabalho fatais. Os concelhos da Covilhã, Fundão, Belmonte e Penamacor, a zona de acção da Delegação do Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT) da Covilhã, também contribuíram para o aumento destes números.
Com base nos acidentes de trabalho mortais comunicados ao IDICT, no ano de 2000 ocorreu na Covilhã apenas um acidente de trabalho mortal. Tratou-se de um acidente de trabalho in itinere (no trajecto de casa para o trabalho ou vice versa). Um motorista, com 50 anos de idade, afecto à indústria da panificação, morreu na sequência de um acidente que ocorreu em Setembro.
No ano de 2001 ocorreram três acidentes de trabalho mortais. Em Janeiro, um homem de 37 anos de idade, afecto à indústria de extracção de minério, morreu soterrado por uma pedra que caiu do tecto da mina. Em Julho ocorreram mais dois acidentes de trabalho. Um, in itinere, uma mulher de 29 anos, afecta a uma Instituição Particular de Solidariedade Social., outro, no sector da construção civil, quando um homem morreu em consequência de uma queda em altura.
Em 2002 registaram-se quatro acidentes de trabalho mortais, três dos quais mm Abril. Num deles, um tractorista (trabalhador independente), com 42 anos de idade, morreu ao ser apanhado pelo cardam (veio de transmissão) do seu tractor. Noutro acidente, um homem de 43 anos de idade, no sector da construção civil morreu devido a uma queda em altura. O último acidente de trabalho de Abril ocorreu no sector da agricultura. Um homem de 47 anos de idade, morreu debaixo do tractor quando este capotou. Por fim, em Junho, um homem de 22 anos de idade, no sector da construção civil, morreu soterrado numa vala.
Ao todo são oito acidentes de trabalho em três anos, com principal incidência nos sectores da construção civil e agricultura. Segundo Ayres de Sá, Delegado do IDICT na Covilhã, estes dois sectores de actividade, a exemplo do que acontece no resto do País, são os mais preocupantes. "A variação do número de acidentes de trabalho mortais de tem muito a ver com os níveis e rítmos de trabalho. Há que apostar na segurança porque a segurança dá vida ".
Qualquer um destes sectores, apresenta ainda níveis insuficientes de organização de trabalho, o que em boa medida justifica estas preocupações.
Em 2003, ainda não foi comunicado nenhum acidente de trabalho mortal mas é preciso sublinhar que os acidentes de trabalho quando não matam, deixam muitos trabalhadores inválidos para toda a vida.